Precarização

Artigo | Quem tem medo do mundo do trabalho?

Desde o governo Temer, qualquer um que se coloque a favor dos trabalhadores passou a ser considerado um extremista

São Paulo |
Geralmente, os 40% mais pobres se ocupam no mercado de trabalho em atividades informais - AFP

Todos sabemos o que é xenofobia, transfobia e outras fobias tão correntes hoje em dia, no entanto, no encontro de Lula e Alckmin com as Centrais Sindicais, um novo conceito surgiu. Vamos lá. Quando convidado a falar, Geraldo Alckmin saudou os trabalhadores. Ora, ele estava em uma reunião de trabalhadores e teve a ousadia de saudá-los!  Foi o que bastou para que comentaristas, particularmente os da área econômica – tomados por viés ideológico -, se indignassem e passassem a dizer explicitamente que, ao invés de Alckmin levar Lula para o centro, era este que estava levando o ex-governador para a esquerda, quase que para o comunismo stalinista.   Desde o governo Temer, com as reformas que atingiram apenas e tão somente os trabalhadores, qualquer cidadão que se coloque a seu favor passou a ser considerado um extremista, um terrorista que quer colocar a economia no chão. É evidente o preconceito que existe hoje com quem trabalha e busca carteira assinada e as garantias trabalhistas. A lógica neoliberal passou a ser a do empreendedorismo individualista, que os motoboys entregadores conhecem muito bem. Em uma economia de livre mercado deve existir espaço para todos, inclusive para os sindicalistas, tão vilipendiados e sem espaço para suas pautas. Daí me veio a curiosidade de procurar uma palavra que expressasse esse preconceito. Não achei. Em um exercício simples, cheguei a ergátis (trabalhador) e fobia (medo). Juntei a duas palavras gregas para designar o que a fala de Geraldo Alckmin produziu nos comentaristas: preconceito ao mundo do trabalho. Se queremos virar a página e nos livrarmos desse nefasto governo é fundamental que os trabalhadores sejam ouvidos. Os “donos” da Faria Lima não queriam “pagar o pato”. Nós já pagamos demais. É hora de ouvir o que os trabalhadores têm a dizer. * Enilson Simões de Moura – Alemão é Vice Presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.  

Edição: Rodrigo Durão Coelho