Genocídio

Cimi denunciará à ONU violência do governo Bolsonaro contra indígenas

O evento terá participação da Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet

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Para órgão indigenista, discursos e ações de governo Bolsonaro põem em risco a existência e os territórios dos povos originários - Marcelo Camargo

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) retorna nesta segunda-feira (21) ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar as violências cometidas pelo governo de Jair Bolsonaro contra os povos indígenas. O secretário executivo do Cimi, Antônio Eduardo de Oliveira, vai relatar situações que exigem atenção do Conselho.

Com apoio do governo Bolsonaro, garimpeiros e desmatadores têm invadido territórios indígenas, levando destruição, contaminação por mercúrio, violência, doença, fome e morte, denuncia o Cimi. Além disso, o órgão chama a atenção para o fato de o presidente trabalhar pessoalmente pela aceleração da aprovação de projetos que autorizam a mineração em terras indígenas. As políticas bolsonaristas incluem o abandono da saúde indígena, com falta de médicos, medicamentos e vacinas, e a paralisação das demarcações de territórios – que já constava de seu plano de governo.

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A Alta Comissária da ONU para o tema, Michelle Bachelet, irá participar do evento, que ocorre no âmbito da 49ª sessão do Conselho de Direitos Humanos (CDH 49), iniciado em 28 de fevereiro e que se estende até 1º de abril, em formato híbrido. Será a quinta vez que lideranças indígenas e organizações indigenistas serão ouvidas neste período sobre as políticas que põem em risco a vida e os territórios dos povos originários.

Na última quarta-feira (16), o ministro da Justiça, Anderson Torres, concedeu a medalha do Mérito Indigenista ao presidente Jair Bolsonaro e a mais dez ministros. A condecoração, concedida a pessoas que se destacam pelos trabalhos de proteção e promoção dos povos indígenas brasileiros, causou indignação.

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Em protesto, o ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o sertanista Sidney Possuelo, decidiu devolver sua medalha, recebida há 35 anos atrás. “Uma flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens da estatura dos Irmãos Villas Boas”, escreveu Possuelo em carta dirigida ao ministro da Justiça, Anderson Torres.

Em 2021, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou o Dossiê Internacional de Denúncias, demonstrando como o discurso de ódio do presidente foi transformado em política de Estado. 

*Com Assessoria de Comunicação do Cimi