O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta segunda-feira (7) que a Rússia pode encerrar as ações militares na Ucrânia "em qualquer momento", caso Kiev cumpra com as condições de Moscou. A declaração foi citada pela agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
De acordo com o porta-voz, as condições para que Moscou encerre o que chama oficialmente de "operação especial militar" são: o reconhecimento da independência das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk; reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia e a consolidação da neutralidade da Ucrânia e sua não adesão a blocos militares.
"Na verdade, estamos completando a desmilitarização da Ucrânia. Vamos completá-la... Eles [ucranianos] deveriam parar de lutar", disse o porta-voz presidencial russo.
Negociações entre Rússia e Ucrânia
As delegações da Rússia e da Ucrânia se reuniram nesta segunda-feira (7) para participar da terceira rodada de negociações sobre o conflito no território ucraniano. A discussão ocorreu a portas fechadas e durou mais de três horas.
De acordo com o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, as expectativas do lado russo para as negociações não se concretizaram.
Ele enfatizou que a Rússia levantou sem rodeios a questão da abertura de corredores humanitários. Medinsky acrescentou que os representantes ucranianos levaram todos os documentos trazidos pelo lado russo para revisão.
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Já o assessor do chefe do Gabinete do presidente da Ucrânia e participante das negociações, Mikhail Podolyak, afirmou que "há algum progresso positivo na melhoria da logística dos corredores humanitários". "As consultas sobre o bloqueio político básico do acordo, cessar-fogo e garantias de segurança continuarão", completou.
Podolyak destacou, todavia, que as conversas até agora não trouxeram resultados "que melhorem significativamente a situação".
Anteriormente, o membro da delegação ucraniana nas conversações com a Rússia, David Arakhamia, havia declarado que "as únicas questões sobre as quais é quase impossível concordar" com o lado russo são sobre "o reconhecimento da Crimeia" e a independência das chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.
Ao comentar sobre a demanda russa relacionada ao status militar de neutralidade da Ucrânia, Arakhamia disse que a Otan não está pronta para discutir a entrada de seu país em suas fileiras nos próximos 5-10 anos, e a própria Ucrânia "não lutará por uma oferta de filiação".
Na quinta-feira (10), está prevista uma reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia na Turquia.
Edição: Thales Schmidt