CONFLITO

Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre corredores humanitários

Kremlin diz que vai garantir saída de civis para Rússia e Belarus, e é alvo de críticas do governo ucraniano

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Sob baixas temperaturas, ucranianos tentam atravessar fronteira com a Polônia para fugir do país - Louisa GOULIAMAKI / AFP - 7.mar.2022

O 12º dia da ofensiva da Rússia no território da Ucrânia é marcado por expectativas em torno do estabelecimento de corredores humanitários em áreas de conflito e da confirmação de novas rodadas de negociações entre os dois países visando um cessar-fogo.

No sábado (5), o negociador ucraniano David Arakhamia disse que as negociações aconteceriam nesta segunda-feira (7), sem fornecer mais detalhes. Os veículos internacionais Al Jazeera e o Washington Post confirmam que os diálogos devem ocorrer até o final do dia.

Nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, anunciou que será o anfitrião de uma reunião entre seus colegas, o russo Sergei Lavrov e o ucraniano Dmytro Kuleba, na quinta-feira (10), na cidade de Antália, no sul do país.

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As conversas previstas para esta semana terão como foco os corredores humanitários, que estão no centro de novos conflitos entre os dois países. Um possível cessar-fogo também estará na pauta dos negociadores, nesta segunda, e dos chanceleres, na quinta.

Corredores humanitários

Nesta segunda, a Rússia disse que militares interromperam fogo e abriram corredores humanitários em várias cidades ucranianas. O destino dos canais de retiradas de civis levam apenas para território russo e para Belarus.

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O lado ucraniano considerou o movimento como “um golpe imoral” por direcionar os civis ucranianos ao país adversário e a seu aliado. De acordo com a agência de notícias russa RIA, o corredor de Kiev levaria à Belarus, enquanto os civis de Kharkiv teriam permissão para ir apenas para a Rússia.

"Essa é uma proposta completamente imoral. O sofrimento das pessoas está sendo usado para criar uma imagem televisiva", disse um porta-voz do governo da Ucrânia nessa segunda (7) em nota. "São cidadãos ucranianos, eles deveriam ter o direito de ir para território ucraniano."

Mais de 1,7 milhão de refugiados já deixou a Ucrânia desde o início do conflito, informa o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

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O porta-voz russo Igor Konashenkov, por sua vez, garantiu que seis corredores humanitários serão abertos em cidades ucranianas para permitir que civis escapem da guerra.  A previsão é que eles seriam aberto às 10h no horário de Moscou (5h em Brasília).

"Informações detalhadas sobre os corredores foram dadas antecipadamente para a Ucrânia", informou Konashenkov.

Por volta das 14h de Moscou (9h em Brasília), a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, afirmou que os corredores humanitários para retirada de civis da Ucrânia ainda não estavam em operação.

No domingo (6), o cessar-fogo para saída de civis por meio dos corredores humanitários foi suspenso pela segunda vez. As autoridades ucranianas acusaram as forças russas de não cumprirem o cessar-fogo, que estava acordado para acontecer no sábado (5). 

A operação de retirada dos civis havia sido acordada durante a segunda rodada de negociações entre os dois países, na última quinta-feira (3). 

China oferece mediação e critica EUA

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou nesta segunda-feira (7) que Pequim pode "participar de uma mediação internacional" para selar a paz entre Rússia e Ucrânia.

O diplomata chinês ainda destacou que os Estados Unidos pretendem "estabelecer uma versão local da Otan" na região indo-pacífica e ressaltou que a parceria com a Rússia é "sólida como rocha".

 "As relações China-Rússia não são admiradas pela sua independência. Se baseiam na não aliança, no não confronto e em não colocar na mira qualquer terceira parte. Manteremos o foco estratégico global de coordenação para uma nova era", destacou o ministro.

Entenda o conflito 

Desde o final de 2021, tropas russas passaram a se concentrar nas proximidades da Ucrânia, e o Ocidente enviou armas para os ucranianos.  

conflito tem como pano de fundo o mercado de energia na Europa e os limites da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar composta por membros alinhados aos Estados Unidos, em direção à fronteira russa. 

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Outro elemento central é o fracasso dos Acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015 como uma tentativa de construir um cessar-fogo para a guerra civil na Ucrânia. A ferramenta diplomática previa condições de autonomia para áreas separatistas de Donetsk e Lugansk e a retirada de armas da região em que tropas ucranianas enfrentavam os rebeldes.  

O governo de Kiev se recusava a cumprir a parte política prevista pelos acordos, já que isso poderia causar uma fratura em sua soberania. 

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A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro sob a justificativa de “desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho. Desde então, União Europeia e Estados Unidos anunciaram sanções como resposta e também fornecem armas aos ucranianos.

Edição: Thales Schmidt