Rússia e Ucrânia

Putin: "Não há mais necessidade de ataques maciços na Ucrânia"

Presidente russo diz que mobilização deve terminar em duas semanas, mas aumentam os relatos de arbitrariedade

Rio de Janeiro |

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O presidente russo, Vladimir Putin, discursa durante cerimônia de anexação formal de quatro regiões da Ucrânia, no Kremlin, em Moscou, em 30 de setembro de 2022. - Grigory Sysoev / SPUTNIK / AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira (14), em uma entrevista coletiva, que não há mais necessidade de realizar ataques maciços contra alvos na Ucrânia. 

"Não há necessidade de ataques massivos agora, agora há outras tarefas, porque, na minha opinião, sete dos 29 objetos não foram atingidos como planejado pelo Ministério da Defesa. Mas esses objetos estão sendo finalizados gradualmente, não há necessidade de ataques massivos, pelo menos agora, e então veremos", disse o chefe de Estado.

Na última segunda-feira (10), a Rússia realizou uma série de fortes ataques em todo o território ucraniano, bombardeando inclusive o centro da capital Kiev pela primeira vez desde o início do conflito. O presidente russo declarou que os ataques foram direcionados contra a infraestrutura de energia, comando militar e instalações de comunicação na Ucrânia. 

Além disso, Putin declarou no começo da semana que os bombardeios foram uma resposta aos "crimes do regime de Kiev" e prometeu uma reação ainda mais "dura" no caso de "ataques terroristas contínuos" no território da Federação Russa, se referindo à explosão na ponte da Crimeia, atribuída a Kiev por Moscou. 

Vladimir Putin também disse que a Rússia não se propõe a destruir a Ucrânia. O presidente russo afirmou que não se arrependeu de suas decisões tomadas durante a guerra: "Minhas ações estão corretas".

Mobilização perto do fim? 

Ao comentar o curso da mobilização parcial de cidadãos russos para a guerra na Ucrânia, anunciada em 21 de setembro, Putin afirmou que as "atividades de mobilização" serão concluídas em duas semanas. 

Segundo ele, 222.000 pessoas já foram mobilizadas, das quais 33.000 estão nas unidades militares e 16.000 estão realizando missões de combate. Putin também observou que "no futuro próximo" não há necessidade de expandir a escala de mobilização.

Ao mesmo tempo, o presidente justificou a necessidade de realizar a convocação pelo fato de que a linha de contato com as tropas ucranianas possui uma extensão de 1,1 mil quilômetros. Ele afirmou que "é impossível protegê-la apenas por soldados de contratos", se referindo às tropas regulares que compunham as fileiras russas antes da mobilização. 

Em 21 de setembro, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, afirmou que 300.000 pessoas poderiam ser convocadas no âmbito da mobilização. No entanto, o decreto oficial da mobilização não prevê nenhum limite específico de número de militares a serem convocados, tampouco de prazos para o fim da onda de convocação. 

No fim de setembro, citando fontes militares, diversos meios de comunicação independentes relataram que a mobilização poderia ter um alcance de 1 milhão de pessoas em diversas ondas até o fim do ano.  

Enquanto não cessa o processo de convocação dos cidadãos russos, aumentam os relatos de convocações para a guerra serem distribuídas por funcionários dos departamentos militares a homens entre 18 e 35 anos na portaria das residências, locais de trabalho e nas estações de metrô.

Nas redes sociais, há relatos das convocações. No registro abaixo, uma moradora questiona a presença de dois homens à paisana acompanhados de uma policial na portaria de sua residência. Ela acusa que os homens estariam com uma pilha de convocações nas mãos a serem entregues a moradores do prédio em São Petersburgo.

Ao mesmo tempo, durante as últimas semanas houve um significativo aumento de relatos de pessoas terem a saída do país proibida durante o controle de migração. Nesses casos, o sistema acusa restrições para a saída do país para homens que não têm autorização dos departamentos militares locais para deixar a Rússia.

Edição: Thales Schmidt