ECONOMIA

Governo da Venezuela anuncia aumento do salário mínimo e aposentadorias em 1200%

Valor final é de cerca de R$ 214 e, segundo analistas, ainda é insuficiente para cobrir cesta básica alimentar

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente Nicolás Maduro anunciou o aumento do salário mínimo durante II Congresso da Classe Trabalhadora, na quinta-feira (3) - Prensa Presidencial

A Venezuela aumentou o salário mínimo, pensões e aposentadorias em 1200%, ancorando os valores em meio Petro - a criptomoeda venezuelana. O Petro está cotado em cerca de US$ 60, dessa forma, o salário mínimo, somado ao vale alimentação, fixado em cerca de U$ 10, equivale a um total de U$39 ou 171 bolívares (cerca de R$ 214). A medida foi anunciada na noite da última quinta-feira (3) pelo presidente Nicolás Maduro, durante a abertura do II Congresso da Classe Trabalhadora da Venezuela.

A decisão, segundo o mandatário, deve impactar em todas as tabelas salariais do serviço público e privado do país. Maduro também defende uma atualização dos modelos de convenções coletivas vigentes.

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Desde o início dos governos chavistas, adotou-se a tradição de aumentar o salário no dia 1º de maio, como forma de celebrar o dia internacional do trabalhador e da trabalhadora. Neste ano, no entanto, o anúncio chegou com dois meses de antecedência. No ano passado, o Executivo havia fixado o salário mínimo em 7 bolívares e o vale alimentação em 3 bolívares, totalizando 10 BsS. De acordo com o Banco Central da Venezuela, o cambio atual é de 4,36 bolívares para US$ 1. 

"Para ressarcir as feridas de todos os trabalhadores que se aposentaram nos últimos anos de guerra econômica e ganharam uma miséria de aposentadoria. Eu quero um plano especial para proteger e ressarcir economicamente todos os aposentados pelos últimos cinco anos", anunciou Nicolás Maduro.

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O presidente venezuelano aprovou a criação de um fundo soberano para proteger os salários e pensões e "injetar recursos a quem mais necessita". 

Em janeiro de 2022, o Banco Central da Venezuela declarou o fim do processo hiperinflacionário do país, após um ano de índices mensais de inflação inferiores a 50%. Os venezuelanos encerraram 2021 com uma inflação acumulada em 686,4% - índice quatro vezes menor que em 2020, com uma inflação acumulada em 2.959,8%.

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Embora o país demonstre sinais de recuperação econômica, vários economistas venezuelanos indicam que ainda há um longo caminho para recuperar o Produto Interno Bruto do país, reduzido em cerca de 80% desde 2015. 

O Observatório Venezuelano de Finanças também aponta que apesar do aumento, o novo salário mínimo é insuficiente para cobrir os gastos mensais de uma família venezuelana de quatro pessoas.

Em levantamento, apontam que o novo salário cobre apenas uma semana de produtos da cesta básica alimentar, que representa um gasto de cerca de U$ 23 (cerca de R$ 126) semanais. 

Em agosto de 2018, quando anunciou o Plano de Reestruturação Econômica, Maduro já havia fixado o valor das pensões e salário mínimo a meio Petro, a medida, no entanto, não se manteve nos anos seguintes. 

Edição: Arturo Hartmann