TENSÃO GEOPOLÍTICA

Biden envia delegação de ex-militares a Taiwan; China diz que apoio dos EUA é "inútil"

Após envio de destruidor de mísseis ao estreito de Taiwan, Estados Unidos manda comitiva de especialistas militares

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ex-chefe do Estado Maior dos EUA chegou a Taipei para reunir-se com autoridades de Taiwan - AFP

Nesta terça-feira (1º), o ex-chefe do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos e uma delegação de ex-autoridades do Pentágono chegaram em Taiwan numa viagem denunciada pelo governo chinês como uma provocação. O grupo pousou em um jato particular no aeroporto Songshan, no centro de Taipei, e foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu. Nesta quarta-feira, os funcionários estadunidenses devem reunir-se com a chefe do governo de Taiwan, Tsai Ing-wen.

Integram a delegação Mike Mullen, um almirante aposentado da Marinha, que serviu como principal oficial militar dos Estados Unidos durante a gestão dos ex-presidentes George W. Bush e Barack Obama; Meghan O'Sullivan, ex-vice-conselheira de segurança nacional de Bush, e Michele Flournoy, ex-subsecretária de defesa sob Obama. Além deles, dois ex-diretores seniores do Conselho de Segurança Nacional para a Ásia, Mike Green e Evan Medeiros, também estão na viagem.

:: Janela para o Oriente: Rússia estreita laços com China e busca minar hegemonia dos EUA  :: 

A visita teria o objetivo de reiterar o apoio dos EUA a Taiwan, que busca se tornar independente da China desde 1927. Desde 1954, Estados Unidos e Taiwan assinam acordos de defesa mútua.

Só na década de 1970, quando as Nações Unidas (ONU) passaram a reconhecer a China continental como membro pleno, foi que a Casa Branca prometeu respeitar o princípio de "um país, dois sistemas" e desabilitou a base militar que mantinha dentro da ilha.

:: China diz que "Taiwan não é Ucrânia" e sanciona empresas dos EUA por venderem armas à ilha ::

O governo chinês respondeu à chegada da delegação a Taiwan de maneira imediata e criticou a visita. "A demonstração estadunidense de apoio a Taiwan é inútil, não importa quem enviem", afirmou o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (1º).

Na última semana, numa demonstração de força, o Pentágono estadunidense divulgou que o destruidor de mísses USS Ralph Johson estaria atravessando o estreito de Taiwan.

"Se a parte estadunidense tenta ameaçar ou pressionar a China através de tal comportamento, gostaríamos de advertir os Estados Unidos que qualquer disuasão militar é tão fraca como ferro-velho diante da Grande Muralha de Aço constituída por 1,4 bilhões de chineses", declarou Wenbin.

Leia também: China e Rússia elevam acordos, criticam EUA e pedem que Otan interrompa expansão

História

Taiwan é uma ilha de 23 milhões de habitantes, a cerca de 130km da parte continental chinesa. Possui governo próprio, eleito democraticamente, instituições independentes, moeda nacional, forças armadas e mantém relações diplomáticas com 26 países. Chiang Kai-Shek, líder do Partido Nacionalista (Kuomintang), governou Taiwan até 1975, com poderes ditatoriais. Mesmo após a sua morte, nesse mesmo ano, a ilha continuou sendo controlada pelo Kuomintang. Somente na década de 1990 o país passou por um processo de democratização, abrindo espaço para outras agremiações políticas.

A China Popular considera Taiwan uma província rebelde, uma parte inalienável do seu território. Em março de 2005, a Assembleia Nacional Popular aprovou a lei anti-secessão, que autoriza o uso da força contra a ilha, caso esta declare a sua independência formal.

* Com informação de Xinhua, UOL, Reuters

Edição: Rebeca Cavalcante