A abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, aos mais atentos, foi um momento especial para o povo chinês enviar duas profundas mensagens ao mundo. A primeira mensagem tem um nome: PAZ. Essa mensagem de paz é muito profunda no exato momento em que nos últimos anos os Estados Unidos capitanearam uma ofensiva para a desconstrução da imagem chinesa diante do mundo e das tensões que esse mesmo país tem provocado com a Rússia, ameaçando sua segurança nacional ao tentar militarizar sua fronteira com a Ucrânia.
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O recado foi enviado do jeito mais polido que o momento demandava. A abertura os jogos foi uma síntese difícil entre demonstração de domínio de várias tecnologias sem a necessidade de ser agressivo em demonstrar os avanços do povo chinês neste campo. Detalhe importante é que ao lado de grandes shows pirotécnicos típicos da futilidade ocidental, devemos lembrar dos limites impostos pelo respeito às normas de segurança da covid-19.
Por outro lado, é impossível não remeter à memória histórica. Estive em Pequim nos anos de 2004 e 2007, portanto vi a preparação da cidade para receber os Jogos Olímpicos de 2008. Fui tomado pela emoção. O estádio “Ninho dos Pássaros” tem uma simbologia muito forte não somente a mim, mas também ao povo chinês. É um dos marcos e locais a serem lembrados quando a história da restauração da dignidade do povo chinês for contada.
O “sonho chinês” de rejuvenescimento nacional e sua estratégia internacional de construção de um mundo de futuro compartilhado foram muito claros e evidentes enquanto realidade materializada na abertura do evento. Memória histórica é parte da construção da abertura de grandes eventos como esse em Pequim.
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A segunda mensagem é clara e evidente. Acabou a época em que os Estados Unidos detinham poder de vontade sobre vários povos e países. Os meios de comunicação controlados pelo imperialismo no ocidente tentaram de toda forma difamar a desconstruir a imagem da China, tentando criar um clima de “boicote diplomático” aos jogos. Todas as formas modernas de espalhar fake news, interferência aberta nos assuntos internos da China foram mobilizadas e o fracasso foi completo. O mundo mudou. Muito. Apesar do apelo do bloco imperialista (Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá), o secretário geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, assistiu a abertura dos jogos.
A tentativa de boicote diplomático foi uma das maiores piadas diplomáticas dos últimos tempos. Uma vergonha que fica ainda maior na medida em que o mundo necessita de mais e mais cooperação para a superação da pandemia e a retomada do desenvolvimento econômico internacional. O fracasso vergonhoso da tentativa dos EUA em deslegitimar a China com o tal do ‘boicote diplomático’ mostrou que o mundo hoje é muito diferente da época em que os EUA mobilizaram mais de 50 países a boicotarem os Jogos Olímpicos de Moscou em 1980. Nesse paralelo com os Jogos Olímpicos de Moscou a velha frase de Karl Marx pode ser muito bem aplicada.
A história se repete duas vezes, como tragédia e farsa. A primeira foi sob as hostes da tragédia do erro estratégico de invasão do Afeganistão pela URSS. E agora sob a farsa da denúncia de violação de direitos humanos na China. Os Estados Unidos vivem sob intensa tensão social e racial que para muitos poderá desembocar em uma nova guerra civil. Os níveis de desigualdade social, pessoas sem moradia e violência urbana são as maiores da história. Quase 900 mil mortos decorrentes da covid-19 denunciam uma sociedade onde amplas parcelas da população simpatizam com seitas religiosas de extrema direita e a negação da ciência. Nunca os Estados Unidos tornaram o mundo um lugar tão perigoso de se viver!
A marcha chinesa rumo ao sonho de rejuvenescimento nacional está em pleno andamento, mas sem que antes tenha de enfrentar o desafio internacional imposto pelo imperialismo. É nesse momento que a inteligência milenar do povo chinês de impõe. A abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno foi suficiente para o envio dessas duas interessantes mensagens. Enquanto isso a China caminha para a realização de sua estratégia de “mundo de destino compartilhado”: após mais de dez anos de destruição por uma guerra colonial imposta pelo imperialismo com o apoio de grupos jihadistas, a esperança voltou à República Árabe da Síria que se tornou o mais novo membro da Iniciativa Cinturão e Rota.
* Elias Jabbour, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ). Escrito em colaboração com o Grupo de Mídia da China.
Edição: Thales Schmidt