Diplomacia

Nicarágua se aproxima da China e abre caminho para investimentos em infraestrutura

Manágua deixa de reconhecer Taiwan como país independente e abre caminho para megaprojeto chinês

São Paulo (SP) |
Foto do porto de Mombasa, no Quênia, uma das obras que recebeu recursos chineses por meio da Nova Rota da Sena. - MEAACT Kenya/ Wikimedia Commons

A China enviou uma delegação para acompanhar a posse do novo mandato presidencial de Daniel Ortega em Mánagua nesta segunda-feira (10) e aprofundar o relacionamento com o país caribenho. A relação diplomática e comercial entre os dois países ganhou um impulso com a decisão da chancelaria nicaraguense de deixar de reconhecer a independência de Taiwan.

Enquanto Taiwan afirma ser um país independente, a China diz que a ilha é parte de seu território e o presidente chinês Xi Jinping afirma que apoiar a independência do território que considera rebelde é "brincar com fogo".

Em dezembro, a Nicarágua decidiu cortar laços com Taiwan, que reconhecia como país independente desde 1990, e a embaixada chinesa em Manágua foi reaberta no primeiro dia de 2022.

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Em entrevista para a agência estatal chinesa de comunicação Xinhua, a enviada especial de Xi, Cao Jianming, elogiou a decisão do país centro-americano de romper com Taiwan e destacou que os laços bilaterais dos dois países avançaram. Pequim também irá doar um milhão de vacinas contra covid-19 ao país da América Central.

Ortega reuniu-se com a delegação chinesa e foram assinados acordos diplomáticos. Embora não existam muitas informações sobre os termos dos tratados, Ortega destacou o interesse de seu país em participar da "Nova Rota da Seda".

Em outra reunião, desta vez realizada de maneira remota, o vice-ministro de comércio da China, Yu Jianhua, afirmou que Pequim deve fortalecer os investimentos em infraestrutura na Nicarágua sob as diretrizes da "Rota".

Também chamada de "Um Cinturão, Uma Rota", a "Nova Rota da Seda" é um projeto prioritário da diplomacia chinesa lançado em 2013 com o objetivo de investir bilhões em projetos de infraestrutura como portos, estradas, ferrovias, redes de telecomunicações e aeroportos em dezenas de países. Entre janeiro e julho de 2021, Pequim investiu US$ 11,29 bilhões, cerca de R$ 63 bilhões, em projetos em 56 países diferentes.

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Em entrevista ao Global Times, um representante da China Railway Construction Corporation disse ter planos de investir na Nicarágua. 

Um dos possíveis projetos para a Nicarágua pode ser a criação de um novo canal para ligar os Oceanos Atlântico e Pacífico. Ainda de acordo com o Global Times, este novo canal teria quatro vezes o comprimento do Canal do Panamá e um traçado foi aprovado pelas autoridades locais em 2014, mas o projeto ainda não saiu do papel.

Edição: Arturo Hartmann