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Na Venezuela, oposição vence eleições no estado natal de Chávez

Após 23 anos de governos chavistas, Barinas será governada pelo opositor Sergio Garrido (MUD)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Sérgio Garrido foi eleito governador de Barinas com 55,36% dos votos pela Mesa de Unidade Democrática - MUD

Pela primeira vez desde o início da revolução bolivariana, em 1999, a oposição governará o estado natal do ex-presidente Hugo Chávez. O candidato da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Sergio Garrido, foi eleito, no último domingo (9) com 172.497 votos, representando 55,36% da preferência, superando o ex-ministro Jorge Arreaza, candidato pela aliança chavista Grande Polo Patriótico (GPP), quem obteve 128 mil votos, representando 41,28% da votação. Em terceiro lugar ficou o opositor Claudio Fermin, da Aliança Democrática com 1,77%. 

A participação foi cerca de 51% nos 543 centros de votação, seis pontos percentuais a mais em comparação com as eleições regionais do dia 21 de novembro.

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O novo governador celebrará a vitória com uma missa de ação de graças nesta segunda-feira (10). Garrido já havia sido eleito deputado estadual em Barinas nas eleições regionais do dia 21 de novembro, mas com a decisão judicial de realizar novas eleições para o governo do estado, ele não assumiu o cargo para tornar-se candidato. 

Membro do Ação Democrática (AD), um dos quatro maiores partidos opositores, Sergio Garrido assegurou que "quer somar a maior quantidade de vontades para construir e ajudar a superar os obstáculos e problemas de Barinas".

AD é um dos partidos mais tradicionais da política venezuelana, governando o país em várias ocasiões durante o período da chamada Quarta República (1958 - 1998). Sergio Garrido, de 54 anos, ingressou nas fileiras do partido aos 16 anos e já foi vereador e deputado estadual. 

Na celebração da vitória, Garrido foi acompanhado pelo ex-candidato da MUD, Freddy Superlano, que estava inabilitado para disputar as eleições.

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Barinas, região do planalto venezuelano, havia sido o único estado a não finalizar a apuração dos votos no processo realizado no 21 de novembro. Por conta de uma medida cautelar, a apuração foi suspensa pelo Tribunal Supremo da Venezuela (TSJ), que determinou, no dia 29 de novembro, a realização de novas eleições. 

Além de Freddy Superlano, sua esposa Aurora Superlano também foi impedida de disputar as eleições. Sergio Garrido foi a terceira opção da Mesa de Unidade Democrática. No processo impugnado, Superlano havia obtido 37,79% dos votos, enquanto Argenis Chávez, ex-governador e candidato do governista Psuv, teria obtido 37,05%.

Desde o início da revolução bolivariana, há 23 anos, o chavismo governa essa região. Primeiro com o Hugo de los Reyes Chávez (1998-2008), pai do ex-presidente, seguido de Adán Chávez (2008-2017) e Argenis Chávez (2017-2021), os dois últimos irmãos do ex-chefe de Estado.

Antes da divulgação do primeiro boletim eleitoral, Jorge Arreaza (GPP / PSUV) já havia reconhecido sua derrota. "A informação que recebemos de nossas estruturas do PSUV indicam que, ainda que aumentamos a votação, não conquistamos nosso objetivo. Agradeço de coração a nossa heroica militância. Seguiremos protegendo o povo de Barinas em todos os espaços", publicou o ex-chanceler.

Com o novo resultado, a oposição conquistou quatro do total de 23 governos estaduais. A vitória veio junto com o início da campanha por um referendo revogatório em 2022.

Segundo a constituição venezuelana, o mandato presidencial pode ser encurtado com um referendo a partir da metade da gestão. Para que o processo seja realizado são necessárias assinaturas de 3% do eleitorado de cada estado. 

Edição: Thales Schmidt