O Peru continua vivendo dias de espera e incerteza sobre quem ocupará a presidência do país nos próximos quatro anos. Há duas semanas do segundo turno e cinco dias do fim da apuração, a Justiça Eleitoral ainda não declarou o vencedor, porque permanece avaliando pedidos de anulação de atas eleitorais.
Pedro Castillo (Peru Livre), que venceu as eleições com 50,12%, uma vantagem de 41 mil votos em relação à Keiko Fujimori (Força Popular), que obeteve 49,87% da votação, exige que o resultado das urnas seja respeitado.
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No último sábado (19), simpatizantes dos dois partidos ocuparam as ruas da capital Lima protestando por demandas opostas. Do lado da esquerda, os eleitores de Castillo pedem que a democracia seja respeitada e o professor da educação básica seja declarado novo presidente do Peru.
Enquanto os eleitores de Fujimori demandam que novos pedidos de anulação e revisão dos votos sejam aceitos, buscando invalidar a vitória de Pedro Castillo.
O Jurado Nacional Eleitoral continua em sessão permanente e ressaltou que nos outros anos a situação não foi diferente. Em 2011 as eleições foram realizadas no dia 5 de junho e o resultado promulgado no dia 23 de junho. Já em 2016, tardaram 23 dias em oficializar o vencedor. A demora se deve principalmente ao fato de que o voto no Peru é impresso.
A polarização da sociedade peruana é evidente. Também no Congresso as maiores bancadas são dos dois partidos que chegaram ao segundo turno: Peru Livre obteve 37 cadeiras e Força Popular elegeu 24 parlamentares.
Nos últimos dias, militares da reserva, que apoiaram o regime de Alberto Fujimori (1990-2000), pai de Keiko, emitiram uma carta convocando as Forças Armadas a tomar o poder para defender o país de uma suposta "ameaça comunista".
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O atual chefe de Estado, Francisco Sagasti ressaltou que o papel das Forças Armadas é velar pela Constituição do país e anunciou que será aberta uma investigação contra os militares que assinaram a carta sugerindo um golpe.
"Não deixarei passar nenhuma mentira nem tergiversação das minhas palavras e ações pelos inimigos da democracia. Seguirei no esforço de buscar o melhor para nosso país até o último minuto da minha gestão", declarou o mandatário.
La tarea de un Jefe de Estado es hacer que el país mantenga la serenidad y la calma en momentos difíciles y complejos. En ese esfuerzo me puse en comunicación con varias personas que, entendía, tienen contacto con ambas candidaturas. (1/4)
— Francisco Sagasti (@FSagasti) June 11, 2021
Durante a manifestação convocada pelo partido Peru Livre, a ex-candidata à presidência, Verónika Mendoza também expressou seu apoio à vitória da esquerda. "Ficaram para trás os tempos de colônia, onde sugeriam que existiam cidadãos de primeira e segunda categoria. Aqui nessa praça vamos recordar que estamos no século XXI, em democracia, todos os cidadãos e votos valem exatamente igual", afirmou a líder do partido Novo Peru, Verónika Mendoza.
Os pedidos de revisão de Keiko são direcionados às zonas mais empobrecidas do país, onde Castillo teve ampla maioria de votos. "Queremos ver a relação de eleitores e não nos digam que não é permitido", declarou Fujimori incetivando seus simpatizantes ao confronto com o JNE.
Enquanto isso, Castillo inicia uma agenda de chefe de Estado, reunindo-se com ex-candidatos,empresários e com a Associação de Prefeitos.
Edição: Vivian Virissimo