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Peru: urnas definem Castillo como novo presidente; Justiça avalia denúncias de fraude

Castillo obteve 50,12% contra 49,87% de Keiko Fujimori; Justiça avalia novos pedidos de anulação e revisão de atas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Pedro Castillo tem 51 anos, origem humilde, e mantém até hoje os modos de vida da comunidade onde cresceu - Reprodução/Perú Libre

Vamos escrever uma nova história. Basta de pobres em um país rico. Esses foram os lemas da campanha de Pedro Castillo Terrones (Peru Livre), professor e sindicalista de esquerda, eleito presidente peruano nesta terça-feira (15), segundo o resultado nas urnas após 9 dias de apuração. O candidato venceu Keiko Fujimori por apenas 44.058 votos de diferença, 50,12% contra 49,87%.

O resultado, no entanto, ainda não é o oficial, uma vez que Fujimori solicitou a anulação de 200 mil votos e a revisão de outros 300 mil, totalizando 800 atas. Tais atas são provenientes justamente dos colégios eleitorais onde Castillo obteve a maior quantidade de votos.

Até o último sábado (12), 97 atas ainda estavam sob avaliação do Jurado Nacional Eleitoral (JNE).

Vitória acirrada

A disputa foi uma das mais acirradas da história do país. Todas as pesquisas, incluindo boca de urna, apontavam para um empate técnico entre Castillo e sua adversária, Keiko Fujimori (Força Popular), representante da direita tradicional peruana.

O professor só passou a assumir a ponta quando a contagem oficial dos votos bateu 95% das urnas apuradas, quando os votos dos colégios eleitorais localizados nas regiões extremas do país foram contabilizadas. A partir de então, o ritmo da apuração diminuiu e só cessou na noite desta terça-feira (15).

O novo presidente assumirá o país em um contexto de crises política, econômica e sanitária e promete investimento público em áreas sociais.

Quem é Pedro Castillo

Natural de Tacabamba, distrito de Cajamarca, Castillo tem 51 anos e se notabilizou ao liderar greves de professores do sistema público em 2017.

Em suas aparições públicas, especialmente no primeiro turno, ele costumava aparecer de chapéu e a cavalo, denotando sua origem interiorana e os modos de vida do povoado onde cresceu.

Convocar uma Assembleia Constituinte é um dos principais objetivos de Castillo, que declarou também que deseja receber como presidente o mesmo salário de um professor peruano.

Durante a campanha, ele discursou contra as privatizações e o neoliberalismo, prometeu combater a miséria e a desigualdade e denunciou os crimes da ditadura de Alberto Fujimori (1990-2000), pai de sua adversária.

A vitória de Castillo é comemorada por setores populares como uma resposta à campanha de medo liderada por Keiko Fujimori. Segundo Keiko, o professor e sindicalista seria uma "ameaça à democracia" peruana.

Grandes empresários peruanos também ameaçaram deixar o país e fechar milhares de vagas de empregos em caso de vitória da esquerda. As pressões não foram suficientes para frear o entusiasmo dos apoiadores de Castillo, que tomam as ruas da capital Lima em plena madrugada para celebrar a vitória histórica.

 

Edição: Leandro Melito e Vivian Virissimo