Agronegócio

Conheça o argentino que lucrará caso seja liberado o trigo transgênico

Gustavo Grobocopatel é sócio da maior produtora de soja e trigo da Argentina

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O empresário Gustavo Grobocopatel em uma de suas plantações - Foto: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura

Integrante de um grupo de música folclórica e do conselho da Universid di Tella, ex-professor da Universidade de Buenos Aires, autor de artigos publicados no Le Monde Diplomatique Cono Sur e estudante de canto lírico.

Há muitas formas possíveis de contar a história do empresário Gustavo Grobocopatel, sócio e principal executivo até o ano passado do grupo Los Grobo. Para os brasileiros, seu nome pode ficar ligado a algo bem menos nobre: a liberação da importação de trigo transgênico para o país.

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Grobocopatel foi um dos grandes articuladores da liberação do plantio de trigo transgênico na Argentina para a exportação. E a empresa da qual é sócio deve ser a maior beneficiária da liberação da importação do ingrediente presente nos pães, massas e farinhas vendidos no Brasil.

O Grupo Los Grobo é o maior produtor de soja e trigo da Argentina. Grobocopatel nunca escondeu sua predileção pela produção com organismos geneticamente modificados. Uma decisão que passa por assumir que há riscos ambientais e de saúde.

“Nossa posição é que há riscos que devem ser assumidos e que estes riscos devem ser mitigados através de processos e esses processos são os que estão em discussão”, chegou a afirmar.

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O trigo HB4 é uma tecnologia patenteada desenvolvida pela Trigall Genetics, joint venture da Bioceres — empresa que teve o empresário como um de seus diretores — com a francesa Florimond Desprez. São esses riscos a serem mitigados que Grobocopatel pretende trazer ao Brasil.

A decisão sobre a autorização para a importação de trigo transgênico poderá ser tomada nesta quinta-feira (10), durante uma reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

O assunto está na pauta da comissão, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, por sua vez comandado pelo astronauta Marcos Pontes.

A aprovação no Brasil é condicionante para a liberação da comercialização na Argentina, aprovada no ano passado. O Brasil é responsável pela compra de 50% do trigo exportado pelos argentinos.

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Grobocopatel era um apoiador do ex-presidente Mauricio Macri, de direita, que se empenhou diretamente na liberação do trigo geneticamente modificado. Após a derrota de Macri, o empresário passou a dialogar com o atual presidente, o peronista Alberto Fernández.

Ele não está mais à frente dos negócios: renunciou à presidência do grupo Los Grobo em outubro e anunciou que passaria a viver no Uruguai.

Mas Grobocopatel ainda é a face mais visível do grupo empresarial, do qual permanece sócio. Atualmente, o grupo é presidido por Santiago Cotter, representante da empresa de investimentos Victoria Capital Partners, dona desde 2016 de 76% do total de ações do grupo.

A empresa investe em diversos negócios com participação no mercado brasileiro, como o Grupo Educacional Damásio, a Relógios Technos, a empresa de eventos Brazil Trade Show Partners, a rede de saúde Oncoclínicas e o Grupo Editorial Santillana.

Antes da entrada da Victoria, o grupo chegou a ter negócios no Brasil. No início da década passada, a empresa era sócia da Ceagro, que produzia soja no Mato Grosso e na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), fundada em 1995 por Paulo Fachin, um empresário paranaense que passou a comercializar grãos no Maranhão.

O Grobo e a Vinci Partners, financeira fundada pelo ex-sócio do Banco Pactual Gilberto Sayão, entraram no negócio em 2008. Entre 2012 e 2013, as duas venderam gradativamente o controle do grupo, que havia se fundido com a goiana Selecta em 2010, para a Mitsubishi.

Junto com a agropecuária baiana Synagro, adquirida em 2012, a Ceagro passou a se chamar Agrex. Fachin continua como executivo da empresa.

Mesmo com seus negócios concentrados na Argentina e no Uruguai, Grobocopatel mantém uma relação próxima com o empresariado brasileiro. Ele é fundador e dirige na Argentina o setor de agronegócios do Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

O movimento é brasileiro, foi criado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e atualmente é presidido por um de seus filhos.