Originalmente publicado pelo People's Dispatch*
Em solidariedade à causa palestina e em protesto contra o bombardeio israelense de Gaza, os estivadores do porto de Durban, na África do Sul, continuam se recusando a descarregar a carga de um navio israelense que atracou na última quinta-feira (20). Os trabalhadores estão organizados através do Sindicato de Trabalhadores de Transporte Aliados da África do Sul (SATAWU).
Os membros do sindicato permanecem em guarda contra qualquer tentativa de interromper essa ação trabalhista por parte de seu empregador, como trazer outros trabalhadores para prestar serviços ao navio Zim Shanghai. O cargueiro é propriedade da Zim Lines, uma empresa estatal israelense de navegação, classificada como a 10ª maior do mundo.
O boicote ao navio não é apenas um protesto, mas o início de uma série de ações trabalhistas destinadas a assegurar que nenhum navio israelense receba qualquer serviço nos portos sul-africanos, segundo o coordenador do setor marítimo nacional do SATAWU, Thulani Dlamini.
Argumentando que Israel é um violador habitual de cessar-fogo, Dlamini disse que o boicote aos navios israelenses continuará até que uma “solução duradoura”, que respeite os direitos internacionalmente reconhecidos dos palestinos seja implementada. O SATAWU pretende pressionar o governo sul-africano a emitir “uma ordem a todas as autoridades portuárias para proibir navios israelenses de atracarem em portos sul-africanos” até que essa meta seja alcançada.
“Libertação total do povo palestino”, diz Dlamini, “ou os navios israelenses terão cada vez mais dificuldade para atracar em nossos portos”. Não apenas os cargueiros israelenses mas todos que transportam carga de, ou para Israel, disse o coordenador da SATAWU, acrescentando que o sindicato está buscando ajuda de profissionais para rastrear a complexa rede global de transporte de carga e identificar tais navios.
O governo sul-africano oficialmente condenou a agressão israelense e junto com a União Africana (UA), reiterou sua solidariedade à causa palestina. Em sua coluna semanal, o presidente Cyril Ramaphosa disse que “nunca haverá paz” até a resolução das “raízes de um conflito, neste caso, a ocupação ilegal de terras palestinas por Israel”.
Condenando o “total desrespeito de Israel às sucessivas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que pedem o fim da ocupação da terra palestina”, Ramaphosa passou a comparar o sofrimento dos palestinos com o do povo negro na África do Sul sob o regime de apartheid.
No entanto, Dlamini argumenta que o mero discurso de condenação não basta, e já passou da hora da ocupação israelense ser cobrada um preço por suas atrocidades perante a comunidade internacional, particularmente pela África do Sul, dada a sua própria história.
Edição: Peoples Dispatch