O candidato de direita à presidência do Equador Guillermo Lasso ampliou nesta quinta-feira (11) a vantagem em cima do candidato Yaku Pérez, do partido indígena Pachakutik, começando a se consolidar como o adversário do correísta Andrés Arauz no segundo turno das eleições, marcado para 11 de abril. Pérez, no entanto, disse que irá pedir uma "auditoria" em parte dos votos.
"A democracia está ferida, hoje se consumou a fraude [acusação da qual Pérez não apresentou provas]. Tudo foi um vil engano. Estamos diante de um teatro de mau gosto, uma caricatura de democracia", disse, segundo o jornal El Telégrafo.
Segundo Pérez, haveria problemas na contagem de atas de seções eleitorais, que estão sendo computadas somente por províncias, não por cidades e cantões. Além disso, diz o candidato, o número de atas com problemas chegou a 15% nas áreas urbanas.
Por conta disso, ele anunciou que pedirá uma auditoria forense nas províncias de Guayas (onde fica Guayaquil), Manabí, Esmeraldas, Los Ríos, El Oro e Pichincha (onde fica a capital Quito).
"Vamos solicitar que se abram as urnas para cotejá-las com as atas voto a voto. Em seis províncias sofremos fraude, temos atas em que Lasso tem, no sistema, 50 votos, e após cotejarmos encontramos só um voto", afirmou.
O candidato convocou uma "marcha pacífica" no Equador para esta quinta, a partir das 11h locais (13h em Brasília).
Virada
Lasso assumiu a segunda colocação na noite desta quarta (10), com uma diferença inicial de apenas 1.019 votos – com a apuração chegando a 99,81% de atas processadas. Às 8h locais (10h em Brasília), a diferença de votos, que era de 1.019, já estava em 18.037.
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Ainda faltam 40 atas (boletins de sessão eleitoral) a serem processados e, além delas, 529 ainda são consideradas “com novidades” – ou seja, contêm inconsistências como erros numéricos, falta de assinaturas dos fiscais das seções eleitorais e outros problemas.
Por conta disso, de acordo com José Cabrera, conselheiro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a publicação dos resultados finais levará dias. Além disso, os candidatos ainda podem contestar a apuração.
Lasso já disputou um segundo turno, quatro anos atrás, contra o então candidato de Correa – o hoje presidente em fim de mandato Lenín Moreno. O ex e o atual mandatário romperam após Moreno decidir governar fazendo o oposto do que havia prometido em sua campanha.
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Tensão
A indefinição de quem iria disputar o segundo turno com Arauz provocou tensões no país, obrigando o CNE a convocar uma reunião com os três candidatos para tentar assegurar que a apuração ocorre com transparência.
Desde o começo da semana, Lasso tentava mostrar otimismo. “Tenham confiança e a tranquilidade de que, assim que soubermos 100% dos resultados, estaremos no segundo turno”, disse, em vídeo publicado no Twitter.
Da mesma maneira, Pérez já alertava para uma possível "fraude". “Os resultados estão aí, só que uma mão invisível quer magicamente distorcer e fazer nosso voto ir para outro lugar, mas neste momento vemos que é irreversível que estejamos no segundo turno”, defendeu, em entrevista ao canal Teleamazonas.
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Arauz, por sua vez, apelou aos atores políticos a "paciência, prudência e não violência", em vista da publicação final dos resultados eleitorais, e pediu celeridade ao órgão eleitoral. Segundo o candidato, para ele, não importa o adversário na próxima rodada.