O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira (11), que voltará a incluir Cuba na lista dos países "financiadores do terrorismo". A medida havia sido retirada em 2015 pela gestão de Barack Obama. Com isso, a administração Trump recrudesce o bloqueio imposto desde 1961 contra a ilha caribenha.
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"Voltaremos a responsabilizar o governo de Cuba e enviaremos uma mensagem clara: o regime de Castro deve por fim ao seu apoio ao terrorismo internacional e à subversão da justiça estadunidense", declarou o secretário de Estado Mike Pompeo.
Dessa forma, Cuba se une à Coreia do Norte, Irã, Sudão e Síria. Todas as nações incluídas na lista estão proibidas de vender armamentos e de receber empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Apesar de não apresentar qualquer prova de cooperação com grupos internacionalmente classificados como terroristas, a Casa Branca busca penalizar o governo cubano por sua relação com o presidente venezuelano Nicolás Maduro e por supostamente albergar "durante décadas" refugiados políticos, considerados "terroristas" por Washington.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parra, classificou de "cínica" a ação dos Estados Unidos. "O oportunismo político desta ação é reconhecido por todo aquele que tenha uma preocupação honesta ante o flagelo do terrorismo e suas vítimas", declarou Parra.
Condenamos la hipócrita y cínica calificación de #Cuba como Estado patrocinador del terrorismo, anunciada por EEUU.
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) January 11, 2021
El oportunismo político de esta acción es reconocido por todo el que tenga una preocupación honesta ante el flagelo del terrorismo y sus víctimas.
A decisão também pode espantar novos parceiros comerciais da ilha. A sanção é aplicada nove dias antes de Donald Trump deixar a presidência, em um contexto de um possível impeachment e num cenário incerto para a economia cubana.
Tarefa Ordenamento
Desde o 1º de janeiro está vigente no país a Tarefa Ordenamento: uma reforma completa do sistema monetário e fiscal, que incluiu a unificação monetária, aumento dos salários e aposentadorias em 450 e 500%, e incentivo à propriedade estrangeira na ilha.
Segundo o próprio Executivo cubano, a unificação monetária deverá gerar uma desvalorização de 2.300% da moeda, já que atualmente o setor empresarial pode acessar os dólares à taxa de câmbio de 1 CUC = US$1. Com o fim do controle de câmbio, os empresários deverão acessar os dólares sem subsídio do Estado.
Repercussão internacional
A chancelaria venezuelana emitiu um comunicado em apoio à Cuba e rechaçando a postura dos Estados Unidos. "Esta decisão reflete o uso político e ideologizado que Washington faz com um assunto tão sensível como é a luta contra o terrorismo", afirmaram.
#COMUNICADO | Venezuela rechaza enérgicamente la infausta intención de designar a la República de Cuba en la lista de Estados patrocinadores del terrorismo por parte de la saliente y agonizante administración de Donald Trump. pic.twitter.com/WX9LFnILMh
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) January 11, 2021
O secretário-executivo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP) também se manifestou. "A arbitrária decisão dos Estados Unidos não viola somente a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, como afronta os povos do mundo. Em meio à pandemia e sob um bloqueio criminoso, Cuba envia médicos e salva milhares de vidas", publicou Sacha Llorenti.
La arbitraria decisión del gobierno de Estados Unidos no sólo viola la Carta de las Naciones Unidas y el derecho internacional, sino que es un afrenta a los pueblos del mundo.
— Sacha Llorenti (@SachaLlorenti) January 11, 2021
En medio de la pandemia y bajo un criminal bloqueo, Cuba envía médicos y, salva miles y miles de vidas. https://t.co/arwGMqutMX
Edição: Camila Maciel