Gilberto Gil, Marina Silva, Milton Nascimento, Elza Soares, Vanderlei Cordeiro de Lima, Alaíde Costa, entre outros, podem retornar à lista de personalidades negras da Fundação Palmares. Isso porque o Senado deve votar, na próxima terça-feira (8), um projeto que propõe a suspensão da portaria publicada por Sérgio Camargo, presidente da entidade, que retirou a homenagem de diversos artistas, esportistas e políticos que integravam a relação.
Na última quinta-feira (3), Camargo anunciou, em sua conta pessoal no Twitter, a relação das 27 pessoas negras que saíram da lista de personalidades da Fundação Palmares. Também em suas redes sociais, o relator do projeto, senador Fabiano Contarato (Rede-ES), manifestou seu repúdio.
Aqui estão os 27 nomes excluídos pela Fundação Palmares, para quem perdeu. A lista de negros notáveis passou a prestar homenagens PÓSTUMAS. Alguns podem voltar um dia, não todos. pic.twitter.com/dfv2iQkjrV
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) December 3, 2020
“Não podemos aceitar os retrocessos promovidos pelo atual presidente da Fundação Palmares contra as pessoas negras no Brasil. Segundo o IBGE, 56,10% dos brasileiros se declaram negros, uma população historicamente violentada e excluída no país”, criticou o parlamentar.
De acordo com a Portaria 189, de 10 de novembro de 2020, a Fundação Palmares só permitirá homenagens póstumas às personalidades negras. Todas as pessoas que ainda estão vivas foram, portanto, automaticamente retiradas da relação.
A portaria também define que o critério para admissão na lista será a “relevante contribuição histórica no âmbito de sua área de conhecimento ou atuação e tenham defendido os mesmos princípios pelo qual zela o Estado brasileiro”.
Ao determinar que as homenagens são póstumas, Camargo tenta driblar as especulações de que a retirada dos nomes seja política, já que entre os 27 nomes que saíram na lista, há diversos opositores do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Ainda assim, Camargo retirou o nome de João Francisco dos Santos, a Madame Satã, artista símbolo do movimento LGBT no Rio de Janeiro, morto em 1976, após complicações derivadas de um câncer no pulmão.
Edição: Rodrigo Chagas