Os efeitos da pandemia de Covid-19 prometem continuar se manifestando por muito tempo na vida das pessoas, principalmente dos brasileiros.
A crise econômica, agravada pela pandemia, levou o país a níveis recordes de desemprego e de fechamento de empresas, bem como a uma situação que há anos não ouvíamos falar com tanta frequência: a fome voltou a assombrar o povo.
Bolsonaro prepara uma tragédia nacional e consolida a fome e a miséria como projeto de governo.
Mesmo em meio ao contexto caótico, onde milhares de pessoas voltaram a passar fome no país, o governo federal e o presidente Jair Bolsonaro cortaram o auxílio emergencial pela metade e insistem em querer extinguir o benefício, ampliando a fome e o número de pessoas sem acesso regular à alimentação básica.
Alta dos preços dos alimentos
Trabalhadores e trabalhadoras que vão aos supermercados já perceberam que os preços dos alimentos estão cada vez mais altos, o agricultor continua sem políticas públicas e o País não possui projetos de geração de emprego e renda nem agora e nem para o pós-pandemia. Se houver pós-pandemia, pois não sabemos até quando vamos enfrentar essa doença.
O auxílio emergencial foi um projeto apresentado pela oposição na Câmara dos Deputados e já beneficiou mais de 65 milhões de brasileiros, de acordo com a Caixa Econômica Federal.
Outro ponto de destaque, segundo a Serasa Experian, empresa que monitora os índices de inadimplência no Brasil, é que o auxílio foi responsável por manter as contas dos brasileiros em dia: cerca de 2,5 milhões de pessoas conseguiram renegociar suas dívidas.
Mais uma prova de que o dinheiro não fica parado nas camadas populares, rendendo dividendos como o dinheiro dos bilionários do Brasil.
Outros 15 milhões de brasileiros (cerca de 23,7% dos que receberam o auxílio emergencial) saíram da extrema pobreza, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Auxílio emergencial impulsiona economia
Não é apenas o povo que já está percebendo as consequências do corte do auxílio emergencial.
O comércio já sente os efeitos da diminuição do valor. A tendência é que o volume de vendas dos últimos meses tenha uma queda expressiva, já que, com a diminuição do benefício, a população terá que fazer cortes em áreas significativas.
Além disso, a indústria e a agricultura estão bem longe de voltar ao patamar de antes da pandemia.
Sabemos que o auxílio emergencial pode ser custeado com outros recursos, como, por exemplo, a tributação sobre grandes patrimônios, heranças, lucros e dividendos dos bilionários brasileiros.
O Partido dos Trabalhadores defende há anos esse tipo de taxação de grandes fortunas, o que ajudaria a equilibrar as contas e oferecer melhores condições de vida à maioria da população.
Tributação do grande capital
Além da tributação, outra forma rápida de manter o auxílio emergencial ativo seria utilizar parcialmente o dinheiro das reservas internacionais que o Brasil possui.
Atualmente, estão em torno US$ 350 bilhões, o que equivale a R$1,9 trilhão. Essas reservas são aditivos disponíveis e controlado pelo Banco Central para atender necessidades de câmbio e manter a economia brasileira. O lucro auferido pelo BC poderia ser parcialmente usado para financiar o auxílio emergencial.
É uma vergonha que Bolsonaro e sua trupe reduzam esses pagamentos.
É vergonhoso que um país rico como o Brasil esteja lidando com um presidente que não tem o menor interesse em socorrer a população mais pobre e um ministro da economia ultraliberal que brinque com a vida dos mais vulneráveis.
Por isso, toda a oposição está unida e impedindo votações no Parlamento até que a presidência do Congresso Nacional coloque a Medida Provisória 1000/2020 em votação.
A MP prorroga o auxílio, e nós defendemos que ele seja mantido com os mesmos valores iniciais: R$ 600,00, e não a metade, como o governo enviou na MP.
Eu e meu mandato estamos firmes na luta pela manutenção do auxílio emergencial de R$ 600,00 e exigimos a imediata votação da MP 1000/20.
Zeca Dirceu é deputado federal do Paraná pelo Partido dos Trabalhadores e vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato
Edição: Rodrigo Durão Coelho