Em risco

Cresce o número de brasileiros que não adotam nenhuma medida de isolamento

Coronavírus continua avançando, mas quase seis milhões de pessoas não seguem restrições sociais de nenhuma natureza

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Índices de isolamento no Brasil estão em declínio há meses. - Nelson Almeida/ AFP

Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de brasileiros que não adotam medidas de isolamento social como forma de prevenir a contaminação pelo novo coronavírus é o maior registrado desde julho. Na primeira semana de setembro, o número de pessoas que não praticam nenhum tipo de restrição chegou a 5,9 milhões. O patamar anterior era de 5 milhões de pessoas. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio sobre a Covid (PNAD COVID-19), indica também que houve queda no grupo de pessoas que segue isolamento rigoroso. Em uma semana, o declínio foi de 1,6 milhão. Desde julho, 10,6 milhões de brasileiros abandonaram a quarentena rígida. O total de cidadãos que segue em casa é de 37,3 milhões.

O número de pessoas que relatou ter reduzido o contato, mas ainda assim saindo de casa ou recebendo visitas, foi de 80,7 milhões. Outros 86,4 milhões informaram que permanece em casa, mas com saídas eventuais por necessidade. Esse patamar corresponde a pouco mais de 40% da população. Os dados confirmam tendências que já vinham sendo observadas nos últimos meses.

:: O que pode acontecer aos brasileiros sem o isolamento social? ::

Segundo a plataforma de geolocalização Inloco, a adesão ao isolamento não fica acima de 50% desde maio e cai a cada semana. O patamar mais alto já observado foi registrado em 22 de março, quando o índice chegou a 62,2%. Dois dias depois, o presidente Jair Bolsonaro pediu a volta da normalidade em rede nacional. Nas semanas seguintes à recomendação dele para que autoridades abandonassem o conceito de "terra arrasada", o Brasil não conseguiu mais manter taxas satisfatórios de distanciamento.

OMS alerta para escalada de mortes

Os dados do IBGE foram divulgados no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre o número de mortes pela covid no mundo todo. Globalmente, os óbitos estão próximos a 1 milhão. Mas a instituição não descarta cenário ainda mais crítico, se não houver medidas de prevenção. 

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que existe a possibilidade de que esse número dobre e o planeta chegue a dois milhões de casos fatais da covid-19. "Se não fizermos o nosso melhor, não é somente possível como, infelizmente, muito provável." 

Até esta sexta-feira (25), o mundo registrava mais de 32 milhões de infectados pelo novo coronavírus. Os óbitos chegavam a quase 985 mil. Junto com Estados Unidos e Índia, o Brasil tem cerca de metade dos casos de contaminados do mundo. O país é o segundo em números absolutos de casos fatais e o sétimo na lista dos que mais registram óbitos a cada um milhão de habitantes.

Atualmente, o total de pessoas que já pegaram a covid-19 no Brasil chega a 4.689.613, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Nas 24 horas entre quinta (24) e sexta-feira (25), foram confirmados 31.911 novos pacientes. A doença já causou a morte de 140.537 pessoas no país, 729 registradas em apenas um dia. 

O que é o novo coronavírus?

Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Edição: Rodrigo Durão Coelho