Dados do Ministério da Saúde indicam queda de 37,1% nos transplantes de órgãos no Brasil este ano, frente aos resultados de 2019. O declínio é relativo ao período de janeiro a julho. No ano passado, foram realizados 9.952 procedimentos e agora o registro foi de 5.827 cirurgias. Segundo o governo, o problema se intensificou a partir de março, quando a epidemia do novo coronavírus passou a crescer sem controle no país.
Os cenários mais críticos foram observados nos estados que passaram por esgotamento ou sobrecarga nos sistemas de saúde. O governo não detalhou a situação específica de cada região, mas diz ter identificado locais em que os programas de transplante chegaram a ser paralisados. Houve queda de 8,4% nas doações em relação ao ano passado.
No entanto, esse declínio não explica a diminuição de quase 40% nos procedimentos. O impacto maior veio da falta de condições de atendimento por causa da pandemia e das limitações de logística no transporte de órgãos e equipes.
No caso dos transplantes de medula óssea, a redução registrada chegou a 25,82%. Os transplantes de coração caíram 25,10%. O governo afirma que a situação caminha para a normalidade.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, houve unidades dedicadas a esses procedimentos que conseguiram manter as unidades em funcionamento e livres da covid-19. Hospitais de grande porte tentaram absorver as demandas de locais menores.
A pasta informou que não foi registrado nenhum infectado entre as pessoas que passaram por cirurgias dessa natureza. Hoje há mais de 46 mil pessoas a espera de um transplante no Brasil.
Números da covid no Brasil
O total de infectados pela covid-19 no Brasil, desde que o coronavírus foi registrado pela primeira vez em território nacional, é de 4.657.702 de pessoas. Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde mostram que foram confirmados 32.817 casos somente nesta quinta-feira (24). O número de mortes chegou a 139.808, com 831 registros em 24 horas.
Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, no entanto, indica subnotificação nos números. A estimativa é que, somente entre maio e junho, apenas uma em cada dez infecções tenha sido registrada oficialmente. O inquérito sorológico aponta ainda um risco maior de contaminação entre populações mais pobres e indígenas.
Segundo o estudo, a população com faixa de renda menor tem duas vezes mais chances de ser infectada do que os mais ricos. Entre os indígenas, a presença de anticorpos para a covid-19 foi quatro vezes maior do que o observado nas pessoas brancas.
O que é o novo coronavírus?
Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.
Edição: Rodrigo Chagas