A Venezuela une esforços para conter o avanço do novo coronavírus. O país vive o pico da pandemia com 9.178 casos positivos e 85 mortos. Nas últimas 24 horas foram reportados 320 casos comunitários e 51 importados - de pessoas que chegaram do exterior. Apesar de manter o plano de flexibilização da quarentena 7+7 – uma semana de flexibilização e uma semana de confinamento total –, em 11 localidades que concentram focos da covid-19 a quarentena rígida foi mantida.
As autoridades sanitárias continuam defendendo que cerca de 70% das infecções totais vieram de venezuelanos que regressaram ao país durante a pandemia. Pelas vias legais já são quase 70 mil repatriados, no entanto, o governo estima que outros 30 mil cidadãos ingressaram ao país por vias ilegais.
A hipótese sobre o maior trânsito entre um país e outro de pessoas em idade laboral é respaldada pelos dados dos infectados – a maioria são jovens entre 20 e 39 anos.
Para fortalecer o combate às chamadas "trouxas" – pessoas que entram no país por fora dos controles fronteiriços, normalmente com ajuda de paramilitares, cruzando rios e arriscando-se na mata –, o Executivo aumentou a presença militar na fronteira, assim como o corredor sanitário, com mais profissionais e insumos médicos.
O estado Zulia, fronteiriço com a Colômbia, é o mais afetado com 2.078 doentes, entre eles o governador Omar Prieto. O contágio se deu principalmente pela entrada de venezuelanos que viviam no país vizinho e também por um foco local num mercado municipal da capital do estado, Maracaibo.
O presidente Nicolás Maduro denuncia que o governo colombiano tem apoiado o retorno de venezuelanos contaminados por vias irregulares para desatar a pandemia na Venezuela.
"Eu acho que não podemos descartar nenhum tipo de acusação desse tipo, quando falamos de um governo que experimentou todo tipo de ações militares, paramilitares, econômicas e políticas contra Venezuela e contra o governo bolivariano", disse o mandatário em pronunciamento oficial.
"Acredito que esse alto nível de contágio que se registra entre venezuelanos que regressam ao país pela fronteira com a Colômbia se deve ao fato de que os países de onde vêm, como Chile, Peru, Equador e a zonal sudoeste da Colômbia são zonas onde a pandemia corre livremente", afirmou a analista colombo-venezuelana María Fernanda Barreto.
Justamente por ser um país bloqueado, a Venezuela conta com a cooperação internacional para combater o vírus. Na última semana recebeu um novo carregamento com 20 toneladas de insumos médicos da Rússia e da China.
Além disso, uma brigada médica com 47 profissionais de saúde cubanos aterrissou na última quinta-feira, (8), em Maracaibo para ajudar os profissionais de saúde venezuelanos.
16 anos Missão Milagro
A cooperação entre Cuba e Venezuela – dois países bloqueados e com governos que se reivindicam sociaistas – se fortaleceu nos últimos 21 anos de chavismo. Dessa aliança surgiram muitos projetos, como a missão Barrio Adentro, que levou profissionais de saúde cubanos às periferias venezuelanas; e a missão Milagro, que operou mais de 6 milhões de latino-americanos com problemas de visão.
No último dia 8 de julho, a missão Milagro completou 16 anos, desde que foi anunciado pelo ex-presidente Hugo Chávez e o líder da Revolução Cubana Fidel Castro. O projeto começou com a viagem de 50 venezuelanos à Cuba e seguiu realizando centenas de cirurgias anualmente.
Cerca de 21 países foram beneficiados, entre eles 171 mil nicaraguenses, 153 mil equatorianos e 61 mil brasileiros. Além de oferecer o tratamento oftalmológico, a missão também entregou 40 milhões de óculos. Com apoio financeiro da Venezuela, junto aos profisionais e o conhecimento científico cubano, mais de 1,6 milhão de cirurgias devolveram a visão a milhões de latino-americanos.
Edição: Rodrigo Chagas