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Artigo | A cultura é de ordem ordinária e precisa estar à mesa

Em um capítulo conturbado da história, a pandemia cria novos apontamentos; isentar-se deles não é uma possibilidade

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Cultura foi deixada de lado pelo governo Bolsonaro - Nelson Almeida/AFP

Em tempos de perseguição aos direitos primordiais do cidadão e da cidadã, fechamento do Ministério da Cultura, resumida à criação de uma Secretaria. Em tempos de Roberto Alvim e a incorporação da propaganda nazista, parafraseando Joseph Goebbels. Em tempos de Regina Duarte, que relativiza mortes e minimiza o período da ditadura em entrevista e nada apresenta de concreto em sua gestão para uma crise do setor. Em tempos de anunciação de Mário Frias à gestão da cultura nacional. A cultura não é extraordinária.

A cultura não deve e nem pode, de fato, ser extraordinária. A cultura é de ordem ordinária e precisa estar à mesa, ser o nosso processo emancipatório, construir signos e a identidade de um povo. Não podemos ter a visão de gestores entendendo a cultura como algo que surge a partir do entretenimento, como se esta fosse em caráter excepcional. Cultura é o acumulo de toda uma vida, das manifestações artísticas até a formação e histórias da sociedade. Tudo é cultura!

::Artigo | Cultura mais uma vez em defesa do óbvio::

Em um capítulo conturbado da história da humanidade, a pandemia que assola o mundo inteiro, cria novos apontamentos e posturas de seus representantes em todas as esferas e territórios. Isentar-se de um processo e trabalho tão importantes para esse momento é estar assumindo em caráter institucional, o cerceamento, a censura, a destruição e a morte dos seus indivíduos.

A cultura enquanto mercado e indústria também movimenta a maior quantia em dinheiro no mundo, e esta ainda é vista em muitos meios como uma régua marginal para o trabalho legal e para a construção e efetivação dos seus fazedores.

Um Brasil não heterogêneo precisa assumir em síntese seu poder de transformação e reestruturação pelo caminho da cultura e não pelo apagamento histórico que reduz essa importante cadeia produtiva e importante história da nossa diversa identidade em devaneios de um governo fascista que a reduz a uma mera pasta assistencialista de projetos superfaturados e displicentes. 

A cultura é começo, o meio e o fim para a revolução das nossas ideias e do nosso social comum enquanto nação.

*Gregory Combat é produtor, artista e gestor cultural.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse