O Grupo de Puebla divulgou, nesta segunda-feira (11), uma nota na qual condena a tentativa de invasão à Venezuela, protagonizada por paramilitares mercenários no domingo passado (03).
“Essa tentativa de invasão por um grupo paramilitar, encomendado, segundo versões da imprensa, por um assessor político de Juan Guaidó (como já foi revelado), tinha o objetivo claro de praticar atos terroristas no país, sequestrando o presidente Nicolás Maduro, assassinando os líderes do governo venezuelano, aumentando a violência e gerando caos e confusão entre a população, para facilitar uma nova tentativa de golpe de Estado”, expressa a nota.
Na madrugada do dia 3 de maio, uma lancha com uma dezena de homens armados com dez fuzis, duas metralhadores e uma pistola tentou aportar na praia Macuto, costa do estado La Guaira, cerca de 50 km da capital Caracas. Na operação realizada pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) para impedir o ataque, também foram consfiscadas seis camionetes adaptadas como "tanques de guerra", uniformes militares, telefones de frequência satelital, vários documentos de identificação e ofícios com detalhes sobre o plano.
:: O que está por trás do grupo paramilitar que tentou invadir a Venezuela ::
O fórum e plataforma política que reúne lideranças progressistas da América Latina, entre eles, o presidente argentino Alberto Fernández, os ex-presidentes brasileiros Lula e Dilma Rousseff e o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, também demonstra seu apoio à população do país, sobretudo no contexto da pandemia global causada pelo novo coronavírus, que também afeta a população venezuelana. Na nota, o grupo também condena o criminoso bloqueio dos Estados Unidos ao país.
“A continuação do bloqueio comercial e econômico que os Estados Unidos estão promovendo contra a Venezuela, por exemplo, tem causado um sofrimento indescritível para o povo venezuelano, ao impedir a compra de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos essenciais para a pandemia”.
Diante dos ataques recentes sofridos pela Venezuela, o grupo recorda também o ataque do governo brasileiro à nação vizinha, através da decisão do Ministério de Relações Exteriores que previa a expulsão de 34 diplomatas venezuelanos do Brasil - suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Também condenamos ações incompatíveis com o Direito internacional e o Direito humanitário, como a decisão do governo brasileiro de expulsar, em meio a uma pandemia, diplomatas venezuelanos e suas famílias em um prazo extremamente curto", diz a nota.
Leia a nota na íntegra:
O Grupo de Puebla rejeita as ações militares clandestinas em andamento para desestabilizar o governo Nicolás Maduro, especialmente a tentativa de invasão que ocorreu nas primeiras horas de 3 de maio, e expressa sua solidariedade ao povo da Venezuela.
Essa tentativa de invasão por um grupo paramilitar, encomendado, segundo versões da imprensa, por um assessor político de Juan Guaidó (como já foi revelado), tinha o objetivo claro de praticar atos terroristas no país, sequestrando o presidente Nicolás Maduro, assassinando os líderes do governo venezuelano, aumentando a violência e gerando caos e confusão entre a população, para facilitar uma nova tentativa de golpe de Estado
Lamentavelmente, o episódio recorda a tentativa, também sem sucesso, da invasão de Cuba na Baía dos Porcos em 1961, como a própria mídia estadunidense recordou.
É absolutamente inaceitável que, no século XXI, a América Latina continue sendo objeto de ações ilegais, violentas e clandestinas, com o objetivo de promover mudanças no regime político de algum país.
Também é inaceitável que, em meio à maior pandemia dos últimos 100 anos, que trouxe uma grave crise sanitária e econômica ao mundo todo e à América Latina, a prioridade de certos governos e forças políticas seja promover ações violentas para desestabilizar um governo, neste caso, o da Venezuela.
Esta é uma ação que desrespeita não apenas a ordem constitucional da República Bolivariana da Venezuela, mas também os princípios que regem o direito internacional público e as relações entre os países. Recordamos a esse respeito que, à luz da ordem jurídica internacional, sanções econômicas e ações militares contra qualquer país devem ser devidamente aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na nossa compreensão, essa tentativa não é um evento isolado. Faz parte de ações e medidas, que teriam sido coordenadas pelo Departamento de Estado dos EUA, que buscam aumentar a pressão sobre o governo venezuelano, para provocar uma mudança de regime pela força, contrariamente à ordem constitucional daquele país e à ordem jurídica internacional.
A continuação do bloqueio comercial e econômico que os Estados Unidos estão promovendo contra a Venezuela, por exemplo, tem causado um sofrimento indescritível para o povo venezuelano, ao impedir a compra de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos essenciais para a pandemia.
O Grupo de Puebla convoca todas as forças democráticas da região para que se comprometam a apoiar o diálogo democrático e a solução pacífica do conflito na Venezuela, a única maneira viável de resolver os problemas políticos e econômicos que afetam esse país.
Além disso, exigimos o fim imediato do bloqueio econômico, comercial e político que os Estados Unidos está promovendo contra a Venezuela, para aliviar o sofrimento do povo venezuelano e permitir o combate dos efeitos sanitários e econômicos da pandemia.
Convocamos a todos para condenar e repudiar qualquer ação militar contra a Venezuela, que traria instabilidade geopolítica a toda a América Latina e abriria um precedente extremamente perigoso para as democracias da região.
Também condenamos ações incompatíveis com o Direito internacional e o Direito humanitário, como a decisão do governo brasileiro de expulsar, em meio a uma pandemia, diplomatas venezuelanos e suas famílias em um prazo extremamente curto.
Entendemos que essas medidas arbitrárias e sem fundamentos legais são colocadas no contexto de intimidação a que o governo venezuelano está submetido.
Por fim, expressamos nossa solidariedade irrestrita ao povo da Venezuela, o único ator político que tem legitimidade para decidir, de maneira pacífica e democrática, a direção dessa grande nação.
10 de maio de 2020
Edição: Luiza Mançano