Pró-Brasil

Ao lado de Braga Netto, Guedes rejeita briga e diz que seguirá cartilha neoliberal

Ministro da Economia e da Casa Civil esclarecem divergência em torno do programa que prevê gastos em obras públicas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

O ministro da Casa Civil, Braga Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, esclarecem "interpretação equivocada" sobre Pró-Brasil - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Para acalmar o mercado financeiro, o ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, utilizaram o espaço da coletiva de imprensa diária do governo federal sobre o combate ao novo coronavírus para afirmar que “não há choques” entre eles. 

A declaração ocorre uma semana após o anúncio, pela Casa Civil e sem a presença de Guedes, do Plano Pró-Brasil, que prevê investimento público de R$ 30 bi para a retomada do crescimento econômico brasileiro. 

O caminho econômico escolhido, desde o início do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), pelo Ministério da Economia é outro, o de contenção dos gastos públicos e o de equilíbrio fiscal no País. As respostas ventiladas por Guedes até o momento para a crise seguiam a mesma linha: aceleração das reformas que já vêm sendo feitas, como a reforma tributária e do funcionalismo público, para além das reforma previdenciária já realizada.

::Plano Pró-Brasil não agrada a Paulo Guedes e nem a defensores do investimento público::

Para tentar acalmar os ânimos, Bolsonaro chegou a reiterar para jornalistas na segunda-feira (27) que, “o homem que decide economia no Brasil é um só, e chama-se Paulo Guedes”.

"Nos trilhos"

“Em nenhum momento se pensou em sair do trilho programado pela economia, como diz o Paulo Guedes. Quem dá esse caminho é exatamente a palavra final da Economia, se é possível ou se não é possível, e quem decide é o presidente da República”, explicou Braga Netto na coletiva desta quarta. O chefe da Casa civil disse ainda que “nunca brigou” com Guedes.

A ausência do ministério da Economia no anúncio do seu programa, de acordo com o militar, teria ocorrido porque "não falamos em valores". Mas, a divulgação já previa um investimento público de R$ 30 bilhões, cerca de 0,2% do PIB, valor acima do limite imposto pela Emenda Constitucional (EC) 95, mais conhecida como Teto dos Gastos.

::Coronavírus: país poderia atender 50 milhões com recursos da dívida, dizem centrais::

Por sua vez, o ministro da Economia, reafirmou a amizade de longa data com o chefe da Casa Civil e que apesar do auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso, e ações públicas de combate ao impacto a pandemia, a economia do país segue a “moldura”, como definiu ele, do projeto neoliberal que elegeu Bolsonaro.

“Nós temos que claramente sinalizar para os investidores, para os agente econômicos, para a classe política, para todo o mundo que o Brasil tem rumo, tem programa. Nós vamos seguir com nosso modelo econômico de transformação do Estado brasileiro”, afirmou Guedes. Para ele, o contrário disso seria um “oportunismo político” da crise de saúde e retomada de crescimento pós-pandemia será com investimento privado.

Crescimento?

Apesar de um levantamento do Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (27), que indicar o Brasil deve terminar 2020 com uma contração do PIB em 3,34%, Paulo Guedes reafirmou que a economia do país estava “voltando a decolar” no primeiro trimestre deste ano e que, após a pandemia, o quadro crescimento deve retomar.

Edição: Rodrigo Chagas