"Preparem-se para a fúria bolivariana!"
Esse foi o alerta que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro Moros, dirigiu a seus inimigos internos e externos num discurso histórico para todo o país, no dia 26 de março, no Palácio de Miraflores, em Caracas. Essa foi a resposta dada pelo presidente aos ataques do Departamento de Justiça dos Estados Unidos à direção política, judicial e militar da República Bolivariana.
Como num filme de faroeste produzido por Hollywood, naquele dia 26, o governo estadunidense indiciou Maduro por "narcoterrorismo" e ofereceu 15 milhões de dólares pelo presidente Nicolás Maduro e 10 milhões de dólares por Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte. Também foram acusados o presidente da Suprema Corte, Maikel Moreno; e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. Washington acusa a direção política, judicial e militar de ter ligações com o narcotráfico.
::Ex-militar venezuelano revela plano de assassinato de Nicolás Maduro::
É importante recortar que, no início do ano, na Cúpula Hemisférica Contra o Terrorismo, organizada por ninguém menos que o Estado narcoterrorista colombiano, o Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, havia caracterizado o estado venezuelano como "terrorista".
O discurso que estar sendo montado pelos Estados Unidos contra a Venezuela tem o objetivo claro de caracterizar o país como terrorista e narcotraficante.
No entanto, a Venezuela não é um país produtor de drogas, ao contrário da Colômbia, país aliado de primeira hora dos norte-americanos e apontado como produtor de 70% da cocaína do mundo, segundo informe de 2017 da ONU. Segundo o mesmo informe, no ano de 2017, foram registradas 70.237 mortes por overdose nos Estados Unidos.
Naquele mesmo dia 26, outro plano para gerar desestabilização e violência na Venezuela, gestado e planejado na Colômbia, foi desmontado pelo serviço de inteligência social venezuelano. O executor do plano era o ex-general do Exército Clíver Alcalá Cordones. O ex-general confessou ter assinado um contrato com o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó e com assessores norte-americanos.
A operação autodenominada como “noche más oscura de marzo” ("noite mais escura de março", em tradução livre) estava marcada para acontecer entre os dias 23 e 25 de março. Ela previa uma série de assassinatos seletivos, incluindo o do presidente Nicolás Maduro Moros, sendo executado em plena pandemia de covid-19.
Enquanto os inimigos conspiram e planejam um golpe de Estado, com o apoio da oligarquia colombiana e dos supremacistas brancos que estão na Casa Branca. O governo bolivariano vem dando um verdadeiro exemplo para o mundo no combate à covid-19.
::Maduro escreve carta ao povo dos Estados Unidos contra tentativa de golpe militar::
Pandemia na Venezuela
A Venezuela foi o primeiro país da América a decretar a quarentena social absoluta, além de adotar fortes medidas de proteção social para toda a população:
a) proibiu a demissão de qualquer trabalhador/a até o dia 31 de dezembro;
b) garantiu o pagamento de bonificações especiais e de salários para todos os/as trabalhadores/as dos setores público e privado por meio do Sistema Pátria pelos próximos seis meses;
c) suspendeu o pagamento de aluguéis de casas/apartamentos e postos comerciais por seis meses;
d) suspendeu o pagamento dos serviços de água, energia elétrica e gás;
e) garantiu que as 7 milhões de famílias vão seguir recebendo as cestas básicas por meio dos CLAPs (Comitês Locais de Abastecimento e Produção) em suas casas;
f) proibiu o corte dos serviços de telecomunicações pelos próximos seis meses;
g) reduziu o uso do sistema do metrô e estabeleceu o uso obrigatório de mascaras ao sair de casa;
h) e determinou que mais de 20 mil médicos façam atendimento casa a casa para descartar casos suspeitos.
É importante mencionar a solidariedade internacional recebida antes e depois do início da pandemia de covid-19 por Cuba, China, Rússia e a cooperação com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Enquanto, em todo o mundo, vários conflitos de guerra entram em cessar-fogo por causa da pandemia de covid-19, como anunciou essa semana a guerrilha colombiana ELN, Washington avança em sua estratégia de pressão psicológica contra a Venezuela, buscando um conflito armado, dessa vez disfarçada de “operação antidrogas”.
Bloqueio naval contra Venezuela
Em anúncio feito na última quinta-feira (2), Donald Trump anunciou que os Estados Unidos realizarão operações antidrogas no Hemisfério Ocidental para proteger o povo estadunidense. Na ocasião, na sala de imprensa da Casa Branca, Trump estava acompanhado do chefe do Pentágono, Mark Esper; do Fiscal Geral William Barr; e do chefe do Estado Maior Conjunto, Mark Milley.
Naquele mesmo dia, foi anunciado que o almirante Craig Faller, comandante do Comando Sul, contará com destrutores adicionais da Armada, barcos de combate, aviões, helicópteros e aviões de vigilância da Força Aérea, duplicando as capacidades militares no mar do Caribe — leia-se "próximo à costa venezuelana".
O novo movimento realizado pela Casa Branca na sua estratégia de pressão contra a Venezuela está sendo entendido como um ensaio para o que virá a ser um bloqueio naval. Esse não seria o primeiro bloqueio naval na história da nação latino-americana.
O portal venezuelano Misión Verdad nos lembra que, no ano de 1902, um grupo de países europeus (Alemanha, Inglaterra e Itália) bloquearam a saída para o mar do país, como mecanismo de pressão para que o governo de Cipriano Castro pagasse a dívida externa contraída pelos governos anteriores.
Na última sexta-feira (3), o ministro da Economia, Tareck el Aissami, denunciou que as medidas coercitivas adotadas pelos Estados Unidos — e agora com esse plano de bloqueio naval — impedem o normal abastecimento de combustíveis no país.
Ao menos dois propósitos parecem estar por trás desses novos movimentos realizados pelos Estados Unidos, mesmo diante de uma crise mundial causada pela pandemia. O primeiro seria fixar uma cortina de fumaça para ocultar o caos causado pela covid-19 no país; e segundo seria um cálculo eleitoral pensando nas eleições norte-americanas pós-covid-19.
Pandemia
Na última sexta (3), o presidente Nicolás Maduro se reuniu com a Comissão Presidencial para a prevenção à covid-19. Na reunião transmitida para todo o país, Maduro informou as cifras atualizadas do país: 153 casos confirmados, 52 casos recuperados e sete mortes. O presidente também anunciou que a Venezuela vai doar duas máquinas de provas rápidas para a Colômbia, além de informar que o avião que vai transportar as máquinas já está pronto para levantar voo, esperando apenas a autorização de Iván Duque. Um importante gesto de solidariedade internacional.
Edição: Camila Maciel