O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro enviou uma carta direcionada à população dos Estados Unidos, na última sexta-feira, (3), onde denuncia a tentativa do governo estadunidense de perpetrar uma "guerra sem fim" contra o povo venezuelano, enquanto o mundo está diante do "maior desafio que enfrentamos como comunidade internacional" - em relação à pandemia de coronavírus. "Essa é a nossa prioridade, como também a prioridade dos Estados Unidos", completou Maduro.
Segundo o mandatário, as ações da Marinha estadunidenses da última quarta-feira, (3), quando navios foram direcionados aos mares do Caribe e às proximidades do território venezuelano, sob o pretexto de uma guerra contra o narcotráfico, são "as maiores movimentações militares dos Estados Unidos dos últimos 30 anos na nossa região, com o objetivo de ameaçar a Venezuela e trazer um custoso e sangrento conflito militar sem fim".
Ainda segundo Maduro, as alegações do governo de Donald Trump, de que a Venezuela está na rota do tráfico internacional não se consolidam nos dados da guerra às drogas. Os aliados estadunidenses, Colômbia e Honduras, segundo a carta, são os pontos de partida das drogas que chegam ao território dos Estados Unidos. A operação estadunidense foi ordenada dias após a administração Trump decretar a prisão de Nicolás Maduro, sob à acusação de tráfico Internacional de drogas.
Maduro já havia utilizado as redes sociais para denunciar que “grupos financiados pela Colômbia e Estados Unidos, pretendem atentar contra a estabilidade da Pátria, com ações violentas". O presidente afirmou ter “ordenado a mobilização de artilharias a lugares estratégicos". “É meu dever proteger a paz de nosso povo”.
Denuncio la existencia de grupos financiados desde Colombia y EE.UU, que pretenden atentar contra la estabilidad de la Patria, con acciones violentas. Por ello, ordené la movilización de piezas de artillería a lugares estratégicos. ¡Es mi deber proteger la Paz de nuestro pueblo! pic.twitter.com/GJEaTuZDvv
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) April 4, 2020
As ações são coordenadas pelo Comando do Sul”, a base localizada em Miami, local de onde foram operados diversos golpes de estado contra países da América Latina, entre os anos de 1960 e 1980. Em 1989, foi o Comando do Sul que coordenou as operações contra o Panamá, que depuseram o general Manuel Noriega, levado posteriormente aos Estados Unidos para ser julgado por narcotráfico.
O subdiretor do Centro de Investigação de Políticas Internacionais de Cuba, Santiago Pérez, questionou em suas redes sociais que “é possível que façam algo parecido com o que fizeram com o general Soleimani, do Irã? Precisamos ver todas as variáveis possíveis”, completou o subdiretor, em relação ao ataque estadunidense contra o general iraniano, que estava em uma base iraquiana quando foi assassinado por bombas disparadas por um drone do governo dos Estados Unidos, em janeiro deste ano.
Na última sexta-feira, (3), o ex-candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro, publicou também nas redes sociais que, começaram a desembarcar em Cucuta, no norte colombiano, tropas estadunidenses em helicópteros. “Violam novamente a Constituição com tropas estrangeiras na Colômbia sem autorização nenhuma do Senado da República”, escreveu Petro.
Violaron de nuevo la Constitución con tropas extranjeras en Colombia sin autorización alguna del senado de la República https://t.co/R4AsglSMmi
— Gustavo Petro (@petrogustavo) April 4, 2020
O Exército Nacional da Colômbia, no entanto, desmentiu Petro e disse que as imagens são de operações da Brigada Especial contra o Narcotráfico da Colômbia, organizada para operações na região de Cucutá.
Edição: Marina Selerges