Tensão

Maduro escreve carta ao povo dos Estados Unidos contra tentativa de golpe militar

Segundo o mandatário venezuelano, movimentação militar é a maior dos 30 anos na região e pode causar guerra sem fim

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
maduro em declaração presidencial
“É meu dever proteger a paz de nosso povo”, afirma Maduro. - Yuri Cortez/ AFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro enviou uma carta direcionada à população dos Estados Unidos, na última sexta-feira, (3), onde denuncia a tentativa do governo estadunidense de perpetrar uma "guerra sem fim" contra o povo venezuelano, enquanto o mundo está diante do "maior desafio que enfrentamos como comunidade internacional" - em relação à pandemia de coronavírus. "Essa é a nossa prioridade, como também a prioridade dos Estados Unidos", completou Maduro.

Segundo o mandatário, as ações da Marinha estadunidenses da última quarta-feira, (3), quando navios foram direcionados aos mares do Caribe e às proximidades do território venezuelano, sob o pretexto de uma guerra contra o narcotráfico, são "as maiores movimentações militares dos Estados Unidos dos últimos 30 anos na nossa região, com o objetivo de ameaçar a Venezuela e trazer um custoso e sangrento conflito militar sem fim".

Ainda segundo Maduro, as alegações do governo de Donald Trump, de que a Venezuela está na rota do tráfico internacional não se consolidam nos dados da guerra às drogas. Os aliados estadunidenses, Colômbia e Honduras, segundo a carta, são os pontos de partida das drogas que chegam ao território dos Estados Unidos. A operação estadunidense foi ordenada dias após a administração Trump decretar a prisão de Nicolás Maduro, sob à acusação de tráfico Internacional de drogas.

Maduro já havia utilizado as redes sociais para denunciar que “grupos financiados pela Colômbia e Estados Unidos, pretendem atentar contra a estabilidade da Pátria, com ações violentas".  O presidente afirmou ter “ordenado a mobilização de artilharias a lugares estratégicos". “É meu dever proteger a paz de nosso povo”.

As ações são coordenadas pelo Comando do Sul”, a base localizada em Miami, local de onde foram operados diversos golpes de estado contra países da América Latina, entre os anos de 1960 e 1980. Em 1989, foi o Comando do Sul que coordenou as operações contra o Panamá, que depuseram o general Manuel Noriega, levado posteriormente aos Estados Unidos para ser julgado por narcotráfico.

O subdiretor do Centro de Investigação de Políticas Internacionais de Cuba, Santiago Pérez, questionou em suas redes sociais que “é possível que façam algo parecido com o que fizeram com o general Soleimani, do Irã? Precisamos ver todas as variáveis possíveis”, completou o subdiretor, em relação ao ataque estadunidense contra o general iraniano, que estava em uma base iraquiana quando foi assassinado por bombas disparadas por um drone do governo dos Estados Unidos, em janeiro deste ano.

Na última sexta-feira, (3), o ex-candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro, publicou também nas redes sociais que, começaram a desembarcar em Cucuta, no norte colombiano, tropas estadunidenses em helicópteros. “Violam novamente a Constituição com tropas estrangeiras na Colômbia sem autorização nenhuma do Senado da República”, escreveu Petro.

O Exército Nacional da Colômbia, no entanto, desmentiu Petro e disse que as imagens são de operações da Brigada Especial contra o Narcotráfico da Colômbia, organizada para operações na região de Cucutá. 

Edição: Marina Selerges