O ministro da Saúde, Luiz Carlos Mandetta, declarou estado de transmissão comunitária do novo coronavírus em todo o território nacional. Já não é mais possível, segundo o governo, determinar a origem da contaminação dos novos casos confirmados.
Mandetta alertou que a transmissão comunitária reforça a necessidade de isolamento domiciliar para conter o avanço do vírus.
No Brasil, a maior parte dos casos de coronavírus estão na região sudeste, enquanto na região norte ainda há poucas confirmações. Mas o ministro afirma que a situação é muito mais grave do que os números apontam.
"A gente só sabe os casos graves e os que falecem, então, para cada um desses confirmados deve ter um número de não confirmado. A gente trabalha sempre só com uma parte da informação. É como se fosse um iceberg, é aquela história: estamos vendo a ponta do iceberg, mas aqui embaixo tem muito mais casos."
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Isolamento e UTIs
A medida de isolamento foi reforçada durante a coletiva do Ministério da Saúde desta sexta-feira (20) para todos os estados brasileiros. Há estados como o Piauí, por exemplo, que ainda não tem nenhum caso registrado porque não dispõe dos recursos necessários para testagem, explicou o ministro.
"O planeta terra está comprando o kit para testar para o novo coronavírus. A OMS diz que tem que testar todo mundo usando como exemplo países pequenos, como a Coreia do Sul, que é produtora do kit e tem a renda lá em cima. Por mais duro que seja o Brasil vai trabalhar com números verdadeiros. O mais próximo do que está acontecendo", argumentou.
O Ministério também informou a entrega dos primeiros 540 leitos móveis em unidades de tratamento intensivo (UTIs), de um total de 1000 previstos. Nessa fase, o governo federal também está analisando como estão sendo realizados os planos de contingência pelos estados brasileiros para oferecer suporte.
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Planos de saúde
O governo afirmou que dialoga com os planos de saúde para que eles ampliem os leitos de UTI, forneçam testagem e atendimento para os seus usuários. "São 50 milhões de pessoas no sistema de saúde suplementar, vamos fazer com que eles garantam o atendimento dos planos de saúde, porque se eles não garantem vem para o SUS".
"[A pandemia] é de todos os brasileiros e nós não vamos deixar nenhum brasileiro sem ter a presença do Estado. Quando a gente induz a iniciativa privada é para que ela vá e faça e o Estado faça também e o coletivo de esforços possa dar uma resposta única", disse.
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Reformulação
Além de passar a divulgar somente os casos confirmados e o número de mortos, o secretario de vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, disse que o Ministério está reformulando o sistema que agrega as informações da doença e que devido ao excessivo número de acessos, o sistema foi retirado temporariamente do ar.
Mandetta, por sua vez, usou como exemplo a sobrecarga na plataforma de dados para alertar que os brasileiros devem ter a mesma preocupação com relação ao SUS.
"Quando você aumenta o acesso no sistema – que abastece as informações do coronavírus – o sistema cai, você fica sem os dados. Isso acontece exatamente quando todo mundo aciona um sistema que está dimensionado para atender 10 mil chamadas e ele, de repente, atende 100 mil chamadas. O sistema cai, você fica sem sistema. Guardadas as devidas semelhanças, se nós acionarmos o nosso sistema de saúde todos ao mesmo tempo, o sistema cai e nós ficaremos sem sistema de saúde."
Edição: Rodrigo Chagas