O presidente da Assembleia Nacional em desacato da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, retornou nesta segunda-feira (4) a Caracas após uma viagem pela América Latina, em que visitou chefes de Estado da Colômbia, do Brasil, do Paraguai, da Argentina e do Equador. Guaidó foi recebido por apoiadores em clima de normalidade e participou de uma manifestação pacífica.
O líder da oposição ao governo de Nicolás Maduro desembarcou no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, no município de Maiquetía, na grande Caracas, por volta das 13h20, horário local. Segundo a imprensa venezuelana, diplomatas da Alemanha, da França, da Espanha, de Portugal, dos Países Baixos e outras nacionalidades esperavam Guaidó no aeroporto para acompanhá-lo até o local onde realizou um comício para apoiadores.
Em suas redes sociais, Guaidó afirmou, ainda no aeroporto, que os trâmites migratórios para sua chegada do Equador foram conduzidos sem nenhuma dificuldade. "Entramos na Venezuelana como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário."
Depois de desembarcar no aeroporto, o deputado se dirigiu a uma marcha opositora para fazer um discurso. Em sua conta no Twitter, afirmou que "está de volta para seguir trabalhando pelo nosso roteiro e para fortalecer a pressão interna para liberar nosso país".
O líder opositor havia enviado uma mensagem gravada aos apoiadores que participaram de um ato convocado por ele e que aconteceu no bairro de classe média alta Las Mercedes, na capital venezuelana. A jornalista espanhola Esther Yáñez acompanhou a manifestação e relatou que muitos espectadores foram embora antes mesmo da chegada de Guaidó.
A manifestação aconteceu de forma pacífica e o clima no país é de normalidade e tranquilidade. Não houve relatos de vandalismo nem protestos violentos. A polícia acompanhou a mobilização de longe, sem registros de repressão.
Juan Guaidó havia saído da Venezuela no dia 22 de fevereiro, quando cruzou o território colombiano e ignorou uma decisão judicial do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, que está investigando o deputado por "usurpação do cargo do Executivo" e já havia determinado que ele estava proibido de sair do país. No dia 23 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional – que teve seus poderes suspensos pela Justiça por desacato – se autoproclamou presidente interino da Venezuela.
Medidas legais
Antes da volta do líder opositor ao país, a vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, declarou no fim de semana que a situação legal de Juan Guiadó seria analisada para que se tomassem medidas adequadas. "Seu comportamento e suas atividades serão cuidadosamente analisados pelas instituições do Estado, e medidas apropriadas serão tomadas", disse Rodriguez em uma entrevista ao canal russo RT en Español.
Rodríguez ressaltou que Guaidó é um venezuelano que conspira com governos estrangeiros para derrubar o governo constitucional do presidente Nicolás Maduro. "O governo venezuelano tem instituições fortes e sustentáveis, tudo isso está contemplado em nossa legislação penal e também está contemplado em tudo o que tem a ver com o arcabouço legal de nossas instituições, para que as instituições venezuelanas continuem a preservar o Estado de Direito no país", concluiu Rodríguez.
*Com informações do Opera Mundi
Edição: Aline Scátola