A promessa de fazer entrar a "ajuda humanitária" do líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado "presidente interino da Venezuela, não foi cumprida, apesar das diferentes tentativas em vários pontos das fronteiras venezuelanas. Os atos opositores na fronteira com a Colômbia provocaram ações violentas e deixaram 49 pessoas feridas, entre elas sete militares. Três pessoas apresentaram ferimentos com queimadura. Não houve registro de mortes nessa região de fronteira com a Colômbia, até o momento. O balanço de feridos foi feito pelo representante do governo nacional no estado fronteiriço de Táchira, Freddy Bernal.
As pontes internacionais Simón Bolívar, Francisco de Paula Santander, em Ureña, e Las Tienditas foram os centros dos protestos opositores, mas também ocorreram distúrbios no centro das cidades fronteiriças de Ureña e San António de Táchira, onde um guarda nacional teve o rosto queimado por um coquetel molotov lançado por simpatizantes de Guaidó.
As rodovias foram cortadas por opositores em vários pontos do estado de Táchira. A Guarda Nacional Bolivariana também fechou algumas estradas e rodovias. O aeroporto de Ureña foi tomado por um grupo opositor, mas depois recuperado pelos militares venezuelanos. No final do dia, o número de militares desertores eram nove, entre eles o major-general Hugo Parra Martínez. No entanto, o governo afirma que essa quantidade de deserção é insignificante
Así está el puente Santander este #24Feb. La policía colombiana que ayer daba logística a la guarimba hoy acomoda las cosas y no deja pasar a los encapuchados. Ya los utilizaron, hoy no les sirven, fin del espectáculo. Así es la derecha. #EnVenezuelaLaPazVencerá #FelizDomingo pic.twitter.com/RFqdFn0ITI
— Marco Teruggi (@Marco_Teruggi) 24 de fevereiro de 2019
Do lado colombiano, o número de manifestante opositores em todos os pontos de enfrentamento eram em média entre 300 e mil pessoas. Do lado, venezuelano quem liderou a resistência para impedir a entrada de opositores e militares colombiano foram os civis, das brigadas bolivarianas, uma organização cívico-miltar com treinamento, mas composta por trabalhadores comuns, operários, professores, camponeses. A professora Rubio Godoy, era uma das que estava na frente da defesa da ponte internacional Simón Bolívar. "Nós estamos aqui dispostas a defender nossa pátria com nossa vida se for preciso", afirma a brigadista. Como ela, cerca de 1.500 cidadãos ocuparam a ponte. Um carro foi queimado por opositores do lado colombiano. Opositores e defensores do governo Maduro enfrentaram-se por várias horas, com pedras e uso da força física, mas sem uso de armas de fogo.
Já em Las Tienditas, palco da disputa política internacional, se encontrava Juan Guaidó, junto com o presidente colombiano, Ivan Duque e o secretário da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. As equipes de transmissões dos grandes canais de televisão internacionais também se concentravam nesse ponto. Do lado, venezuelano, na linha fronteiriça da ponte, era possível ouvir a voz do líder opositor Juan Guaidó, que em dois momentos fez discursos inflamados convocando as pessoas a adentrarem à força o território venezuelano. Cerca de 300 pessoas, entre jornalistas e opositores estavam no local. Do lado, venezuelano um acampamento permanente cerca 800 brigadista populares.
Por volta das16h, Guaidó anunciou que já não tentariam entrar na Venezuela nesse dia. E, pela noite, afirmou que irá a Bogotá, na segunda-feira (26), para participar da reunião de ministros do grupo de Lima, que reúne 13 países.
Em outro ponto do município de Ureña, poucos quilômetros distante da ponte Las Tienditas, ocorreram protestos na ponte Santander. Três caminhões carretas com ajuda humanitária foram queimados por opositores, segundo apurou a reportagem do Brasil de Fato. Alguns meios de comunicação publicaram a informação dizendo que foram incendiados por militares da Guarda Nacional Bolivariana. No entanto, fotos e relatos de testemunhas mostraram depois que foram os opositores simpatizantes de Guaidó quem realizaram a queima dos caminhões, que não puderam cruzar a fronteira.
Governo venezuelano rompe relações com a Colômbia
O governo colombiano deu apoio político e militar para o opositor Juan Guaidó, nesse sábado (23), dia que marcou o aniversário de um mês de sua autoproclamação como presidente interino. Depois da série de eventos violentos, o governo da Venezuela informou que rompeu relações diplomáticas com a vizinha Colômbia.
"Governo da República Bolivariana da Venezuela decidiu pela ruptura integral das relações diplomáticas e consulares com o governo da República da Colômbia. Consequentemente, é concedido um período de 24 horas, a partir da publicação deste comunicado à imprensa, para que diplomatas e funcionários consulares colombianos deixem a Venezuela. Durante este período, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela oferecerá todas as facilidades para o cumprimento desta disposição pelos funcionários diplomáticos e consulares colombianos", afirmou o governo de Nicolás Maduro, através de um comunicado.
"Os governos dos EUA e da Colômbia violaram praticamente todos os princípios e propósitos da Carta da ONU, fato que constitui uma provocação inaceitável contra a República Bolivariana da Venezuela, e que coloca a paz nacional e regional em risco", destacou.
Nesse domingo (24), está programado um discurso do presidente da Colômbia, Iván Duque, na cidade de Cúcuta, próximo à ponte Simón Bolívar.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira