“Como paramos o avanço da direita na região?” Esse foi o tema de debate que ocorreu na manhã desta quinta-feira (29) na tenda principal do evento “Fora G20/FMI”. A atividade reuniu centenas de participantes na praça do Congresso Nacional da cidade de Buenos Aires, na Argentina.
Ao todo, 10 representantes de organizações da esquerda da América do Sul compuseram a mesa, sendo a maioria mulheres. Na fala dos palestrantes, a importância da unidade da esquerda, a resistência e a solidariedade se mostraram fundamentais para conter o avanço da direita no continente.
O prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel foi um dos destaques da mesa. O intelectual destacou como símbolo internacional de solidariedade entre os povos a presença dos médicos cubanos no Brasil. O argentino disse ainda que acredita na justiça, mas não no poder judiciário. Esquivel salientou o caso de Lula, no Brasil, e Fernando Lugo, no Paraguai, e ainda relembrou o processo de destituição de Dilma para demonstrar o avanço da direita.
“Os Estados Unidos utilizam juízes. Eu digo que creio na justiça, mas não no poder judiciário, porque eles (juízes) são cria do Departamento de Estado dos EUA e isso vem de muito tempo, como eles treinaram as Forças Armadas para o golpe de Estado, atualmente estão treinando o poder judiciário para destruir o que existe de democracia”, ressaltou Pérez Esquivel.
Esquivel apontou que não há um representante do povo no G20 e que os líderes que estão na Argentina querem privilegiar o capital financeiro em detrimento dos povos. O Nobel salientou ainda que Marielle Franco está na vida de todo o continente, assim como Berta Cáceres, ativista ambiental hondurenha que foi assassinada em 2016, e que a resistência cultural é fundamental para enfrentar o fascismo.
Rede de Solidariedade e diversidade
A deputada estadual eleita pelo Rio de Janeiro, Mônica Francisco (PSol) e integrante da Rede de Mulheres da Asplande também esteve presente na mesa. Para a ex-assessora de Marielle Franco, o encontro marca um momento de avanço da resistência em toda a América Latina. Para Mônica é fundamental uma rede de apoio explícito aos movimentos sociais que estão sendo criminalizados no Brasil.
“Eu acho fundamental a criação e consolidação de redes de apoio explícito de movimentos sociais que estão sendo criminalizados no Brasil, como é o caso do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] e também os partidos de esquerda e professores, verbalizando e ampliando para o mundo este avanço neoliberal e neofascista contra os movimentos sociais no Brasil”, explicou.
A deputada eleita também ressaltou a participação das mulheres na construção do evento "Fora G20/FMI", mas salientou também que ainda existe a necessidade de contemplar ainda mais a diversidade do movimento feminista em encontros de grande porte.
“Acho fundamental que um encontro como este tenha um espaço tão protagonista pro movimento feminista, mas ainda há muito o que se avançar com a presença de mais mulheres negras e trans, que tenhamos uma tradução do que é o crescente do movimento feminista com as suas diversas vertentes”, ressaltou a deputada eleita.
O encontro que ocorre em Buenos Aires traz em sua extensa programação, 40 atividades que vão desde rodas de conversa, fóruns e manifestações de rua que promovem um debates sobre as contradições das políticas globais que promovem a desigualdade social e a perda de soberania dos povos. A cobertura do especial do evento pode ser acompanhada pela plataforma elaborada especialmente para o eencontro: vocesnoalg20.org.
*Jaqueline Deister é enviada especial pela Agência Informativa Pulsar Brasil em cooperação com a Associação Mundial de Rádios Comunitárias da Argentina.
Edição: Mariana Pitasse