Na última segunda-feira (14), povos originários que protestavam desde junho na província argentina de Jujuy foram despejados pela polícia sem ordem judicial. Cerca de 200 policiais desmontaram o acampamento com truculência, confiscaram pertences e detiveram ao menos um manifestante.
A repressão ilegal aconteceu logo após o candidato presidencial pelo partido de direita 'A Liberdade Avança', Javier Milei, ficar em primeiro lugar Primárias Abertas no país - uma prévia das eleições gerais de outubro.
Os povos originários se encontravam quase dois meses resistindo em bloqueios de rodovias em Jujuy, no noroeste da Argentina, onde protestavam contra reforma constitucional assinada pelo governador de Jujuy, Geraldo Morales, do partido “Juntos por el Cambio”, também de direita. A reforma facilita a exploração do lítio, habilita a utilização de terras originárias e ainda tenta criminalizar protestos.
Acorrentamento
Na sexta-feira (11), membros de povos originários de Jujuy que se encontram em Buenos Aires, interromperam mais de 60h de acorrentamento voluntário e greve de fome nas escadas da Corte Suprema de Justiça, há poucas quadras do Obelisco, em mais uma tentativa de serem ouvidos.
Na capital, há mais de dez dias em vigília em frente aos Tribunais de Buenos Aires, o grupo denuncia torturas, prisões ilegais e perseguições políticas contra docentes e comunidades originárias que protestam contra a reforma constitucional. O acorrentamento e greve de fome só foram interrompidos após o Ministério dos Direitos Humanos do país e atual presidente da nação, Alberto Fernandéz, propor uma mesa de diálogo.
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Como mostrou reportagem do Brasil de Fato, a atuação do estado na província de Jujuy é amostra da política dos governos de direta que podem chegar ao poder na Argentina.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida