O resultado do primeiro turno da eleição presidencial no Brasil foi destaque na imprensa internacional. O site do jornal britânico The Guardian destacou o resultado do pleito, que levou o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) e o petista Fernando Haddad ao segundo turno, com avaliações de especialistas de que as próximas semanas intensificarão a polarização do país.
“Vai ser uma campanha horrível no segundo turno. Vai ser um lado atacando o outro”, afirmou ao jornal a diretora de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle.
A notícia também estampou a primeira página do periódico argentino Clarín nesta noite, em matéria que afirma que “o processo eleitoral foi marcado por um intenso descontentamento com a classe governante depois de anos de turbulência política e econômica”. O artigo lembrou dois fatos que marcaram a campanha: a proibição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer e o ataque a facada contra Bolsonaro, trazendo um panorama do clima de polarização que marcou a campanha do primeiro turno.
A edição espanhola do El País repercutiu o desempenho do candidato do PSL e o caracterizou como “um político autoritário, racista, machista, homofóbico, um adorador da ditadura que afundou o Brasil em uma de suas épocas mais sombrias durante 20 anos”. “Somente uma virada radical, quimérica, no dia 28 de outubro [quando ocorrerá o segundo turno], evitará que a extrema direita governe a partir de primeiro de janeiro o maior país da América Latina”, afirma a matéria.
Já o site do jornal estadunidense The Washington Post qualificou a campanha presidencial como “populista e polarizante”, lembrando as semelhanças entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o capitão reformado brasileiro.
“O desempenho de Bolsonaro representou um avanço surpreendente para um movimento global florescente de nacionalistas de direita que conquistaram cargos políticos importantes nos Estados Unidos, no leste europeu e nas Filipinas”, afirma o jornal. A matéria afirma que a política do candidato da extrema direita e seus elogios à ditadura militar “despertaram temores de que ele se afastaria de uma democracia progressista”, acrescentando que suas propostas para o país são vagas.
Na capa do periódico alemão Deutsche Welle, uma matéria descreve o sentimento de “desconfiança e revolta” dos eleitores que foram hoje às urnas e a imensa diferença entre os dois projetos que estão agora em disputa.
O site da BBC, do Reino Unido, deu destaque em sua página principal para as eleições no Brasil. “O Brasil está muito dividido – e fragilizado”, afirma a correspondente do veículo no país, descrevendo as ligações de Bolsonaro com setores religiosos e suas declarações polêmicas, racistas, homofóbicas e misóginas.
A BBC também trouxe as declarações de Haddad após ser confirmado no segundo turno, em que afirmou que o Partido dos Trabalhadores usaria “apenas argumentos, e não armas” para derrotar o oponente.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira