Com o total geral das urnas apuradas, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) estão confirmados na disputa do segundo turno das eleições presidenciais 2018. O candidato da extrema direita é o primeiro colocado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro atingiu 46,03% dos votos válidos e Haddad, 29,28%. Ciro Gomes (PDT) é o terceiro colocado, com 12,47% dos votos, seguido de Geraldo Alckmin (PSDB), com 4,76%. Votos brancos chegaram a 2,65%, nulos 6,14% e a abstenção ficou em 20,32% entre os eleitores aptos a votar.
A região Nordeste foi a que mais deu votos ao candidato petista. Dos nove estados da região, Fernando Haddad ganhou em oito, tendo perdido somente no estado do Ceará, onde Ciro Gomes se manteve na liderança. "O Nordeste tem sido a vanguarda da política brasileira, porque pode salvar o Brasil de ter um fascista na Presidência da República", analisa o cientista político Francisco Fonseca.
Segundo Sérgio Amadeu, sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), não é uma surpresa que, diante da forte concentração dos meios de comunicação nas mãos da elite escravocrata, um candidato com traços fortemente autoritários ganhe força nessas eleições. “Na história da política brasileira, você tem um eleitorado extremamente autoritário. É preciso lembrar que esse é o país que tentou matar os negros e branquear a nação”, apontou.
Para o jurista Pedro Serrano, novas formas de autoritarismo tem ganhado espaço em muitos países, com certa roupagem democrática, o que também ajuda a explicar o alto índice de votação do candidato da extrema direita. “Nós vivemos uma nova forma de autoritarismo no século 21. Não são governos e Estados de exceção, mas de um autoritarismo líquido, disperso, e que implica em medidas de exceção na democracia”, diz Pedro Serrano.
De acordo com Fonseca, a polarização deve se intensificar no segundo turno eleitoral pelo perfil dos dois candidatos. "Essa eleição coloca em lados opostos barbárie e civilização. Bolsonaro é o candidato dos grandes empresários, antipopular e que sempre votou contra os trabalhadores".
O jornalista Paulo Moreira Leite criticou a ausência do candidato do PSL nos debates eleitorais, e destacou a importância do segundo turno para a discussão de projetos. “Vamos ver se o Bolsonaro vai participar de algum debate no segundo turno. Porque ele é um candidato fraco. Não é uma questão de concordar ou não com as ideias dele, mas a única coisa que ele articula bem são os próprios preconceitos”.
Outro jornalista, o fundador do site Opera Mundi, Breno Altman, afirmou que estará nas mãos da candidatura petista, promover um debate programático, obrigando Bolsonaro a se posicionar. “Fernando Haddad precisa forçar o debate para retirar dele essa construção de que ele é o antissistema. Ele é o candidato mais duro do ‘supersistema’. É preciso ir para o centro da discussão, e o centro da discussão é a agenda econômica e social”, afirmou.
Edição: Daniel Giovanaz