Em aula pública realizada na Universidade de Brasília (UnB) na noite desta terça-feira (14), o ativista argentino Adolfo Esquivel, ganhador do Nobel da Paz de 1980, reforçou a defesa pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba (PR) há mais de 100 dias.
Em evento organizado pela Frente Brasil Popular (FBP) em parceria com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação dos Docentes da UnB (Adunb), ele ministrou uma palestra para a comunidade acadêmica sobre educação e democracia no século XXI.
Esquivel está na capital federal esta semana para participar das atividades dos movimentos populares em defesa da soltura e da candidatura de Lula à Presidência da República.
O tema da prisão do ex-presidente permeou todo o debate na UnB. No auditório onde ocorreu o evento, ele foi recebido pelo público aos gritos de “Lula Livre”.
Na ocasião, o ativista destacou o caráter político da prisão do petista e disse que o ex-presidente enfrenta uma perseguição porque seu histórico como chefe de Estado seria um incômodo a forças tradicionalmente hegemônicas e neoliberais.
“Podem até cortar a flor, mas nunca poderão deter a primavera. Isso é o que se passa com Lula”, afirmou, citando o poeta chileno Pablo Neruda e fazendo referência ao movimento popular em defesa do ex-presidente.
Esquivel também frisou, mais uma vez, que o atual contexto político brasileiro se relaciona com a conjuntura de outros países da América Latina. “Estão criminalizando todos os governos progressistas”, destacou.
O argentino defendeu ainda a luta contra as privatizações e a importância do engajamento da sociedade para atuar junto aos governos.
“Não creio em democracias delegativas, em que passamos todo o poder a quem está nele. Quando se passa isso, o povo fica sem poder e não sabe o que fazer. Temos que construir a democracia participativa, em que o povo tenha a capacidade de revogar os mandatos e trocar também o Poder Judiciário, para que este esteja a serviço da justiça e do povo, e não das grandes corporações econômicas”, argumentou.
A valorização da educação foi outro ponto de destaque na palestra. Para o ativista, a universidade precisa operar em função do incentivo ao desenvolvimento intelectual e à participação cidadã das pessoas.
“Nós lutamos para sermos homens e mulheres livres, e a universidade tem também esse dever de gerar uma consciência crítica e promover os valores para a liberdade”, completou.
Ao abordar as perspectivas para o futuro, Esquivel ressaltou a importância da esperança como motor da luta popular e reforçou a solidariedade ao povo brasileiro diante do contexto de avanço conservador e neoliberal.
“Estamos aqui para compartilhar lutas, mas também esperanças, porque há uma grande força nos povos, e creio que, com isso, vamos chegar à liberdade de Lula e vamos construir a pátria grande”, finalizou, em referência à união latina.
Agenda
Na terça pela manhã, o argentino participou ainda de um ato inter-religioso em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O protesto tinha o objetivo de pressionar a Corte para julgar a ação do PCdoB que questiona a legalidade da prisão após condenação em segunda instância, além de prestar apoio aos sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome há 15 dias.
À tarde, Esquivel se encontrou com a presidente do STF, Cármen Lúcia, ocasião em que reforçou o pedido para que a ministra receba os grevistas para uma audiência.
Já nesta quarta-feira (15), são esperadas mais de 30 mil pessoas em frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, para registrar o nome de Lula como um dos concorrentes à Presidência da República nas eleições de outubro.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque