Julgamento

Movimentos incentivam pressão popular no STF em favor do habeas corpus de Lula

Ações nas redes sociais e em frente ao STF estão previstas para esta quinta-feira (22)

Brasil de Fato| São Paulo (SP) |
STF julga habeas corpus preventivo de Lula nesta quinta (22)
STF julga habeas corpus preventivo de Lula nesta quinta (22) - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Movimentos que integram a Frente Brasil Popular (FBP) estão orientando sua militância a reforçar as mobilizações com ações online para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a conceder habeas corpus preventivo em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O julgamento desse pedido da defesa de Lula foi marcado para esta quinta-feira (22) pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. 

Para isso, a FBP tem divulgado um modelo de carta a ser enviada por e-mail à Presidência do STF em que pede o julgamento de mérito das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) nº 43 e 44, ajuizadas, respectivamente, pelo Partido Nacional Ecológico (PEN) e pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ambas ADCs pedem a concessão de medida cautelar para suspender a execução antecipada da pena de todos os acórdãos prolatados em segunda instância. Confira a íntegra da carta no final da matéria.

Integram a Frente Brasil Popular movimentos populares como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), dentre outros.

O Partido dos Trabalhadores (PT) realizará ato em frente ao STF, em Brasília, nesta quinta (22), a partir das 13h. Em mensagem à militância, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, orientou que seja mantida a mobilização nas ruas - especialmente na capital federal - e nas redes, usando a hashtag #LulaLivre. "Queremos que o STF cumpra a Constituição e é esse recado que passaremos ao Brasil", diz a mensagem que circulou em grupos pelo WhatsApp.

Convocatória do ato desta quinta (22), em frente ao STF

Dia decisivo

O julgamento desse pedido da defesa de Lula foi marcado para esta quinta-feira (22) pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Caso o habeas corpus seja concedido, ele evitará uma eventual prisão do ex-presidente se for confirmada a condenação em segunda instância pela justiça na próxima segunda (26), quando serão analisados os embargos declaratórios de Lula com relação à sentença do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que o condenou a 12 anos e um mês de prisão.

No habeas corpus, Lula requer que lhe seja garantido o direito de recorrer em liberdade até o fim dos recursos nas Cortes Superiores. O julgamento ocorrerá na sessão ordinária marcada para às 14h.

Logo após o anúncio de Cármen Lúcia, o ministro Marco Aurélio pediu que também sejam julgadas as ADCs nº 43 e 44 que estão sob sua relatoria.

 

Confira a íntegra do modelo de carta proposta pela FBP:

 

Envie sua manifestação para

Email: presidê[email protected]

Presidência do Supremo Tribunal Federal

Praça dos Tres Poderes

CEP 70175-900 - Brasília / DF

 

Presunção da Inocência: uma garantia de todo cidadão

Quando o artigo 5°, inciso LVII, da Constituição Federal de 1988, dispõe que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", isso representa o compromisso do poder constituinte brasileiro com a presunção da inocência, um dos princípios fundamentais do Estado de Direito porque assegura a liberdade do cidadão.

Como garantia processual penal, a presunção da inocência é a única maneira de proteger o sujeito de direitos das arbitrariedades estatais e de sistemas de justiça que possam atuar injustamente.

Entendido como um "estado de inocência", essa garantia constitucional permitirá que, protegido no interior da relação processual, o cidadão só tenha esse estado modificado após o trânsito em julgado de sua sentença condenatória. Em outros termos, pessoas inocentes não podem cumprir penas e são inocentes todas as pessoas cujas sentenças não tenham transitado em julgado.

Em virtude disso, o Partido Nacional Ecológico (PEN) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajuizaram ações declaratórias de constitucionalidade, que receberam os números 43 e 44, respectivamente, pedindo a concessão da medida cautelar para suspender a execução antecipada da pena de todos os acórdãos prolatados em segunda instância.

Casos como o lamentável suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, bem revela como o abuso de autoridade, em busca do aplauso popular, especialmente em tempos políticos sombrios, pode resultar em tragédia. Foi por ignorar e desrespeitar o princípio da presunção de inocência, antecipando uma injusta pena privativa de liberdade que também violava a ampla defesa e o devido processo legal, que o sistema de justiça brasileiro se tornou responsável por essa morte.

Urge que o Supremo Tribunal Federal cumpra, pois, com seu dever, paute em seu plenário o julgamento de mérito das ações declaratórias de constitucionalidade nº 43 e 44 e restabeleça o comando constitucional.

É o que espera a sociedade.

Nome       RG         assinatura

 

Edição: Thalles Gomes