O vereador Fernando Holiday, do Democratas e integrante do MBL, Movimento Brasil Livre, visitou duas escolas públicas da periferia de São Paulo para fiscalizar o conteúdo dado nas salas de aula. Segundo professores de uma das escolas, cartazes produzidos pelos estudantes chamaram atenção do vereador, como conta o professor Claudemir Mazucheli:
"Ele quis saber do que se tratavam aqueles trabalhos na parede, que era sobre a questão da violência contra a mulher."
Depois da visita, o vereador divulgou um vídeo nas redes sociais convidando pais e familiares a denunciarem professores por doutrinação ideológica.
"Se o seu filho ou a sua filha, neto ou neta estuda em uma escola que não é exemplo, onde os professores abusam da autoridade dentro de sala de aula, onde a direção não faz o seu trabalho devidamente, não deixe de denunciar."
A iniciativa deixou os professores indignados:
"Há uma indignação de desrespeito e desacato ao nosso trabalho pedagógico. Nós estamos com dificuldades para alfabetizar porque nós temos quarenta alunos por sala, temos uma estrutura carcomida, velha, temos alunos que tomam água no cocho, não é um bebedouro decente."
Na Câmara de Vereadores, o PSOL prometeu entrar com uma representação contra Holiday, no Ministério Público de São Paulo, por abuso de autoridade. Para a vereadora Isa Penna, a ação foi uma estratégia de marketing:
"Fernando Holiday teve uma postura de intimidação, que justamente, na verdade, serve para ele gravar um vídeo e colocar no Facebook dele, porque é assim que ele vem construindo a imagem dele."
A visita também gerou críticas do secretário de Educação do município. Em sua página pessoal do Facebook, o secretário Alexandre Schneider escreveu que "o vereador exarcebou suas funções" e que ele "não pode usar de seu mandato para intimidar professores".
Também pelo Facebook, Holiday disse que agiu baseado na lei orgânica do município de São Paulo que dá aos vereadores o papel de fiscalizar os atos do Poder Executivo. A reportagem tentou inúmeras vezes entrar em contato com o vereador, mas não obteve resposta.
O projeto de lei que cria a Escola Sem partido está sendo discutido na Câmara dos Deputados, em Brasília. O projeto dá prioridade aos valores familiares sobre o conteúdo escolar.
Edição: Radioagência Nacional