América do Sul

Universidades argentinas paralisam contra cortes no orçamento

Estudantes, professores e sindicalistas mobilizaram-se contra mudanças promovidas pelo governo Macri

Argentina |
Contra os cortes orçamentários anunciados por Macri, as ruas foram cenário de resistência
Contra os cortes orçamentários anunciados por Macri, as ruas foram cenário de resistência - Notas.org.ar

O centro da cidade de Buenos Aires, capital da Argentina, ficou lotado com a histórica mobilização das universidades que pararam em protesto contra o corte orçamentário do governo de Mauricio Macri, na última quinta-feira (12). Pela primeira vez em 15 anos, as quatro federações que reúnem os docentes das universidades – a Federação Nacional de Docentes Universitários (Conadu); a Conadu Histórica; a Federação de Docentes Universitários e a União de Docentes da Argentina da Central Geral do Trabalho –; além de inumeráveis agrupações de estudantes de esquerda se uniram em uma mobilização unificada. 

Os manifestantes marcharam por avenidas centrais da capital até chegar na Praça de Maio, manifestando seu repúdio ao governo do presidente Macri. “Olé, olé, olé, olá, não tenho contas no Panamá, sou estudante, e quero orçamento já”, cantaram durante o protesto.

Reivindicação

A mobilização foi uma resposta popular ao pacote de medidas educativas adotadas pelo governo federal para realizar o corte no orçamento. No caso da Universidade de Buenos Aires (UBA), por exemplo, representa uma perda de 50% das verbas.

Por outro lado, os sindicatos também reivindicam aumento nos salários. A última oferta recebida foi o acréscimo de 31,6% dividido em três parcelas: 15% em maio; 5% em outubro; e 11% em dezembro. Os trabalhadores rechaçaram a oferta e agora aproveitam a mobilização para exigir entre 35% e 40% de aumento.

Na semana anterior, Macri anunciou uma verba extra de 500 milhões de pesos argentinos (o equivalente a US$ 125 milhões) para as universidades, tendo em vista o aumento das tarifas de luz e gás, mas o anúncio foi considerado insuficiente pelos reitores.

Mais retrocessos

Enquanto as mobilizações de docentes e estudantes universitários ocupavam as ruas em reivindicação por melhorias salariais e por mais orçamento para a área, o titular do Ministério de Educação apoiou a decisão da Justiça de anular a vigência dos artigos da Lei de Educação Superior n° 27.2004, ao advertir que a norma que garante o ingresso irrestrito às universidades “é uma lei mitológica”. Esteban Bullrich manifestou que “o ingresso irrestrito não pode ser aplicado por lei”, alegou. Segundo a decisão, essa medida se baseia numa “proposta demagógica” do governo anterior, de Cristina Kirchner.

“O ingresso irrestrito ocorrerá quando todos os argentinos que querem ir às universidades possam ir e hoje, na verdade, há muitos que, pela má qualidade do sistema educativo, não podem ir à universidade”, disse em entrevista à Rádio Continental.

O secretário-geral da Conadu, Federico Montero, afirmou que “o governo de Macri tem, entre seus objetivos, retirar que o ingresso da universidade seja um direito” e sinalizou que “se a educação é um direito, o Estado tem que se preparar para garantí-lo”.    

*Tradução: Maria Julia Giménez 

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