Se deslocar de transporte público na cidade de Caruaru não é uma tarefa fácil, nem barata. Cidade polo do Agreste Central de Pernambuco, com mais 300 mil habitantes, tem uma das tarifas de ônibus mais caras do Nordeste: R$ 2,60 valor ajustado em fevereiro deste ano. O alto preço da passagem prejudica a mobilidade no município e, para a população, a qualidade do serviço deixa a desejar. Caruaru também é uma cidade universitária, mas nem por isso os estudantes das duas universidades públicas (UFPE e UPE), do Instituto Federal (IF), além de outras universidades e faculdades privadas deixam de ter dificuldade de se deslocarem para as aulas. A cidade conta com o serviço de mototáxi, mas as tarifas também são altas.
Fábia Oliveira, secretária e estudante universitária, mora no bairro São Francisco e sente dificuldade de se deslocar de ônibus para ir ao trabalho e para as aulas. “O transporte público deixa muito a desejar em Caruaru. Não tem ônibus suficiente para a demanda, principalmente nos horários de pico. Um dos principais problemas é que não tem faixa exclusiva para os ônibus”, explica.
Mais complicado ainda fica a noite quando precisa ir para a universidade, ela estuda em uma universidade que fica localizada na BR 104. “As paradas não têm iluminação adequada, perto delas não tem policiamento. Enquanto mulher eu me sinto encurralada. Os ônibus que seguem para a universidade não entram no território da faculdade. Eles param em plena BR, correndo risco de sermos atropeladas, porque é mal sinalizada e mal iluminada. Isso faz com que a gente esteja colocando a vida em risco pra ter o direito a estudar”, denuncia Fábia.
Dificuldade sentida também pela pedagoga Joana Figueirêdo, que mora no Sítio Encanto, Zona Rural de Caruaru, em frente a Central de Abastecimento de Caruaru (Ceaca). Três linhas de ônibus passam lá, mas uma delas não vai até o Centro da cidade, o que obriga os moradores a pegarem mais de um ônibus, o que sobe mais ainda o custo com passagem. Além disso, as linhas que passam no Sítio Alegre só funcionam até 18h30, depois desse horário nenhum ônibus sobe para lá. Só voltando a funcionar no outro dia.
Em vez de melhoras, os moradores estão sentindo perdas. Há cerca de um ano uma linha foi desativada. Para Joana, a mobilidade é muito difícil, principalmente quando tem alguma atividade na cidade a noite. “Ficamos dependente de mototáxi e táxi, que são caros, ou de dormir na casa de alguém. Mais difícil ainda para os estudantes que precisam estudar a noite. Até hoje estamos nesse estado de abandono e negligência, as passagens aumentam e a qualidade nada”, lamenta.
No último dia 07, a Autarquia Municipal de Defesa Social, Trânsito e Transportes (Destra) anunciou aumento de um ônibus na frota de quatro linhas, todas centralizadas em uma mesma região, nenhuma para o Sítio Encanto ou a BR 104.
Nossa produção não conseguiu contato com Alex Monteiro, diretor-presidente da Destra.
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