Transporte Público

Artigo | 18 anos de Bilhete Único em São Paulo

Bilhete está incorporado ao cotidiano da capital paulista, servindo como parâmetro para diversas outras cidades

São Paulo |
Como toda política pública, o BU também precisa de medidas complementares - Foto: Carlos Alberto Silva

O sistema de transporte público é uma das políticas mais perenes na vida das pessoas, sem que a maioria se de conta disso. Se locomover é uma necessidade constante, enquanto outros serviços são utilizados por um período, no caso da educação, ou pontualmente, como o Sistema Único de Saúde, por exemplo. Nos governos petistas, sempre foi prioridade elaborar políticas públicas que otimizem o tempo e diminuam os custos para os usuários do sistema municipal de transporte. Em São Paulo, desde as eleições de 1992 as candidaturas do PT apresentavam a criação de um bilhete que, após pagar a tarifa, o passageiro poderia fazer diversas viagens. No entanto, foi apenas no último ano do governo Marta Suplicy que foi viabilizado. Política pioneira Enquanto Secretário Municipal de Transporte, estive à frente do processo de implantação que iniciou em janeiro de 2004, para estudantes e aposentados, para fase de testes. Em maio de 2004, o Bilhete Único foi disponibilizado para o público em geral, permitindo viagens ilimitadas nos ônibus durante duas horas, mediante a tarifa da época. Desde então, o BU vem passando por diversas, para o bem e para o mal. Ao passo que aumentou a gama de serviços abrangidos pelo bilhete, como Metrô e trens da CPTM, nos governos do PSDB foi limitado, por exemplo.

::População deve discutir alternativas para a crise do transporte urbano, dizem especialistas:: Após sua implantação, o BU foi rapidamente incorporado pelo povo, trazendo benefícios que foram além da economia com a passagem. Após um ano de implantação, em 2005, com o recurso economizado pelo uso do bilhete, 32% das pessoas aumentaram gasto com alimentação; 11% destinaram a roupas e calçados; e 8% destinaram o recurso economizado ao laser. Mais de 27% utilizaram o recurso para gastos domésticos. Foram milhões injetados na economia em diversos setores, parte retornando em impostos. Mais tempo para as pessoas Outro efeito positivo foi a diminuição dos assaltos aos ônibus. Em 2003 foram 11 mil roubos, em 2005 esse número caiu para 3 mil. O Bilhete Único também garantiu mais tempo aos usuários do transporte público e, em uma cidade como São Paulo, tempo é qualidade de vida.É a possibilidade de estar ao lado da família. É a diferença entre conseguir chegar no horário na faculdade ou chegar atrasado. Esse fator transforma a vida das pessoas.

::Mais transporte público, mais acesso à saúde::

Como toda política pública, o BU também precisa de medidas complementares. No governo de Fernando Haddad, (2012-2016), em que também fui Secretário de Transporte, foram implantadas as modalidades mensal, semanal e diária, que permitia o uso irrestrito de acordo com a modalidade contrada (extintos por João Doria), assim como a recarga através do celular. Melhorar sempre Hoje o Bilhete Único está incorporado ao cotidiano de São Paulo, servindo como exemplo para diversas outras cidades fazerem o seu modelo. No entanto, os desafios de melhorar e, principalmente, custear o serviço de transporte público de qualidade continuam, necessitando cada vez mais em uma política que desemboque em um sistema nacional de transporte. Após 18 anos, hoje olho para trás e vejo o quanto essa política transformou a cidade. Tenho muito orgulho de ter liderado esse processo com Marta Suplicy e depois com Fernando Haddad. Novos desafios estão postos e o Partido dos Trabalhadores continuará a buscar ações que permitam ao povo se locomover com rapidez e qualidade. *Jilmar Tatto é Secretário Nacional de Comunicação do PT e ex-Secretário Municipal de Transporte nos governos de Marta Suplicy e Fernando Haddad em São Paulo

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Glauco Faria