ENCHENTES NO RS

Atendimento no único centro de assistência social de Canoas (RS) é interrompido, e atingidos protestam

Prefeitura estuda novo modelo para cadastrar famílias nos programas sociais anunciados

Brasil de Fato | Canoas (RS) |
Desde o dia 15 de maio, o CRAS Guajuviras tem funcionado temporariamente na Emef Erna Würth, localizada na Avenida Dezessete de Abril, 430 - Foto: Prefeitura de Canoas

A única unidade do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) em funcionamento em Canoas teve seu atendimento interrompido no início desta semana. Na manhã de domingo (19), o Cras Guajuviras foi alvo de críticas dos moradores que aguardavam na fila para o cadastro no CadÚnico. De acordo com relatos, centenas de famílias esperavam atendimento quando foram informadas de que as 150 fichas distribuídas haviam acabado. 

Em resposta à situação, a Prefeitura de Canoas decidiu interromper a fila com restrição de fichas para estudar um novo modelo de atendimento. Moradora do bairro Harmonia, Elisangela Alves conta que havia famílias pousando na fila na tentativa de conseguir o atendimento. “Tinha umas 500 pessoas, daí eles informaram que é só 150 fichas por dia, e que tinha que ir de noite, de um dia para o outro, e nem assim é garantido conseguir a ficha. Na segunda nos informaram que nem adianta ir mais lá no CRAS, pois vão disponibilizar um site para fazer o cadastro.”

Em nota, a prefeitura informou que divulgará novas informações, mas sem especificar uma data para o retorno do serviço. “A Prefeitura de Canoas disponibilizará, nos próximos dias, um novo modelo de atendimento para garantir maior celeridade no cadastro das famílias atingidas pelas enchentes na cidade e que se enquadrem nos critérios definidos pelos governos estadual e federal para o recebimento dos benefícios anunciados. Os cinco CRAS foram atingidos pela enchente, o que tem prejudicado o atendimento presencial.” Ao menos oito bairros de Canoas – Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Central Park, Cinco Colônias, Harmonia, Mathias Velho e São Luís – ficaram submersos pela água. 

Desde o dia 15 de maio, o CRAS Guajuviras tem funcionado temporariamente na Emef Erna Würth, localizada na Avenida Dezessete de Abril, 430. As cinco unidades do CRAS em Canoas foram atingidas pela enchente. Elisangela relata que já vai para a terceira tentativa de conseguir o atendimento no CRAS. “Cada dia dizem uma coisa diferente e a gente fica igual a uns palhaços pra lá e pra cá.”

Famílias atingidas buscam auxílios


A família de Elisangela foi uma das vítimas da enchente que atingiu Canoas no dia 3 de maio de 2024 / Foto: Arquivo pessoal 

Elisangela, seu marido e sua filha ficaram ilhados por 24 horas no telhado de casa e foram resgatados por voluntários. Somente após 18 dias, sua família conseguiu retornar para casa, localizada na Rua Engenheiro Kindler. O bairro Harmonia foi um dos mais atingidos pela enchente em Canoas. Conforme estimativa da prefeitura, mais de 180 mil pessoas estão desalojadas (em um abrigo público) ou desabrigadas (na casa de parentes ou amigos) no município.


Elisangela conta que sua família perdeu tudo com a enchente: “Tá tudo revirado, minha geladeira tombou, minha estante da sala desmanchou” / Foto: Arquivo pessoal


Somente após 18 dias, a família de Elisangela conseguiu retornar para casa, localizada na Rua Engenheiro Kindler, no bairro Harmonia / Foto: Arquivo pessoal


“Tá tudo mofado, só ficou lodo e barro”, relata Elisangela / Foto: Arquivo pessoal

Quem deve procurar o CRAS 

De acordo com informações disponibilizadas pela Prefeitura de Canoas, só devem procurar os serviços do CRAS os moradores que ainda não possuem o CadÚnico e estão habilitados a participar do programa (famílias de baixa renda que ganham até meio salário mínimo por pessoa ou até três salários mínimos de renda mensal total).

Confira os programas sociais já confirmados pelo governo do Estado e quem está apto a participar. O Brasil de Fato procurou a Prefeitura de Canoas para saber mais informações sobre o retorno do atendimento do Cras, mas não obtivemos resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto.

 


 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko