Fim do conflito?

Síria anuncia acordo para dissolução dos grupos armados; Catar diz que vai retirar sanções

Acordo foi alcançado em uma reunião entre os líderes dos grupos armados e o novo governante da Síria, Ahmad al Sharaah

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Homem entrega pistola com punho gravado com selo estatal da República Árabe da Síria, a membros das forças de segurança do governo de transição da Síria - Sameer Al-DOUMY / AFP

O novo governo da Síria anunciou nesta terça-feira (24) que fechou acordo com "todos os grupos armados" para sua dissolução e integração sob o comando do Ministério da Defesa. Os termos do acordo foram discutidos em uma reunião entre os líderes dos grupos armados e o novo governante da Síria, Ahmad al Sharaah, informaram a agência estatal SANA e as novas autoridades em suas contas do Telegram.

As fotos publicadas pela SANA e a conta do Telegram das autoridades mostram Al Sharaa ao lado dos líderes de várias facções armadas. Porém, os representantes das forças comandadas pelos curdos no nordeste da Síria não estavam presentes.

Al Sharaa afirmou no domingo que não permitiria que as "armas escapassem ao controle do Estado". Durante uma entrevista coletiva, ele declarou que a decisão também seria aplicada às "facções presentes na área das Forças Democráticas Sírias" (FDS, dominadas pelos curdos).

Uma aliança de grupos rebeldes, liderada pelo grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS), tomou o poder em Damasco em 8 de dezembro após uma ofensiva relâmpago. A chegada à capital dos combatentes da aliança acabou com mais de duas décadas de poder do presidente Bashar al Assad, que governou o país com mão de ferro.

Al Sharaa, que antes de chegar ao poder utilizava o nome de guerra Abu Mohamed Al Jolani, era o comandante militar do HTS e já integrou a Al Qaeda.  O atual líder do grupo islamista, Murhaf Abu Qasra, afirmou na semana passada à AFP que "a próxima etapa" seria a dissolução das facções armadas para sua inclusão em uma futura instituição militar.

O representante militar afirmou que o novo governo busca expandir sua autoridade nas áreas do nordeste da Síria controladas por uma administração semiautônoma curda. A Síria foi cenário de uma guerra que começou em 2011 e deixou mais de meio milhão de mortos.

O conflito fragmentou o território em zonas de influência controladas por diferentes grupos beligerantes apoiados por potências regionais e internacionais.

Catar diz que as sanções à Síria devem ser suspensas 


O ministro de Estado do Catar, Mohammed bin Abdulaziz al-Khulaifi, caminha com os membros de sua delegação no Aeroporto Internacional de Damasco em 23 de dezembro de 2024 / OMAR HAJ KADOUR / AFP

O Catar pediu nesta terça-feira (24) a rápida remoção das sanções contra a Síria após a destituição do presidente Bashar al-Assad.“Pedimos esforços intensificados para acelerar o levantamento das sanções internacionais contra a Síria”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Majed al-Ansari. O apelo do Catar foi feito um dia depois que uma delegação de alto nível visitou Damasco. A embaixada do Catar no país foi reaberta no domingo, pondo fim a um rompimento de 13 anos entre os dois países.

“A posição do Catar é clara”, disse Ansari. “É necessário suspender as sanções rapidamente, uma vez que o que levou a essas sanções não existe mais e que o que levou a essas sanções foram os crimes do antigo regime.”

Doha foi um dos principais apoiadores da rebelião armada que eclodiu depois que o governo de Assad esmagou uma revolta pacífica em 2011.

Ao contrário de vários de seus vizinhos, o Catar permaneceu como um crítico severo de Assad e não renovou os laços com a Síria, apesar de seu retorno à diplomacia árabe no ano passado.

*Com AFP

 

Edição: Leandro Melito