O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões diplomáticas ao declarar, neste último sábado (21), que os Estados Unidos deveriam reassumir o controle do Canal do Panamá. Na plataforma Truth Social, o estadunidense acusou o país de cobrar taxas excessivas e afirmou que não deixaria o canal cair em "mãos erradas", em referência à China.
As declarações, feitas na plataforma Truth Social, foram criticadas por políticos panamenhos e pela Frente Nacional pela Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (Frenadeso). Em nota divulgada neste domingo (22), o movimento classificou a ameaça como uma "grave violação do direito internacional" e acusou o governo panamenho de submissão aos interesses do país norte-americano.
O Frenadeso destaca que a gestão do canal, recuperada em 1999, é fruto de uma longa luta pela soberania do Panamá. A entidade denunciou que Trump busca justificar sua intervenção com base em tarifas “ridículas” e na presença da China no comércio marítimo panamenho.
"Este fato é extremamente preocupante dado o seu interesse em violar o direito internacional, em agitar ainda mais graves conflitos geopolíticos e continuar usando nosso país como rampa de agressão contra outros povos com a conivência de governos e grupos extremistas direita da região e oligárquica como a do Panamá", diz o texto.
A nota da Frenadeso também critica o contexto político interno, mencionando o governo panamenho como cúmplice de pressões externas e ataques à soberania. A organização alertou para os perigos de ingerências estrangeiras e chamou a população a se mobilizar em defesa do canal e do país.
"Diante desta situação, apelamos às pessoas e às suas organizações para que se declarem em estado de alerta máximo, pronto para lutar e fazer os sacrifícios que forem necessários para a defesa da Pátria e dos interesses populares.Pedimos aos povos do mundo a sua solidariedade nesta batalha que estamos a travar", pede o comunicado.
O Canal do Panamá, responsável por quase 5% do comércio marítimo mundial, é peça-chave para o transporte de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Em 2024, completam-se 25 anos desde a reversão total do controle do canal para o Panamá, um marco de sua independência e autonomia.
As autoridades panamenhas ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o tema.
Com informações da AFP
Edição: Geisa Marques