O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, chegou à cidade de Kazan, na Rússia, nesta segunda-feira (21), para participar da 16ª Cúpula do Brics, entre os dias 22 e 24 de outubro. O chanceler chefia a delegação brasileira no evento, substituindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou a sua viagem à Rússia devido a um acidente doméstico no sábado (19).
Ao comentar a ausência do presidente Lula, e se o cancelamento da sua viagem impacta a agenda da cúpula, o ministro Mauro Vieira afirmou que "a participação do Brasil é sempre igual. O presidente Lula infelizmente não pôde estar presente, pediu que eu o representasse e vamos tratar então dos próximos passos dos Brics a partir de amanhã", disse.
Lula participará da cúpula por vídeoconferência. Após o cancelamento da viagem, o Kremlin foi questionado sobre uma possível retaliação à negativa de Putin de vir ao Brasil para o G20, em novembro. À agência russa Tass, o porta-voz Dmitry Peskov disse que "esse pensamento não poderia sequer passar pela cabeça", descartando qualquer possibilidade ligação entre as duas coisas.
Ao chegar em Kazan, o chanceler brasileiro falou brevemente com a imprensa brasileira e comentou os principais pontos da agenda da cúpula do Brics. Segundo ele, a discussão sobre a expansão de países parceiros do grupo é um dos principais temas que será discutido.
"O Brics, com a expansão, é um processo em formação e os chefes de Estado vão discutir todos os temas que estão na agenda, que são os novos parceiros, as modalidades, os tempos, então é isso", disse.
O chanceler confirmou que deve realizar conversações com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, bem como com outros chanceleres do grupo Brics.
"Falei várias vezes com o ministro Lavrov por telefone nesses últimos dias, e com os outros ministros, da África do Sul, da Índia, do Egito também, já temos todos marcados", informou.
Ao ser questionado se o tema da guerra da Ucrânia será discutido durante as negociações, o ministro brasileiro não entrou em detalhes e frisou que a prioridade da cúpula é "cooperação dos Brics". "Aqui no Brics o tema é a cooperação dos Brics", disse.
O ministro brasileiro também foi abordado sobre a possibilidade da Venezuela ser aceita como um novo parceiro dos Brics, mas também não especificou as particularidades da candidatura venezuelana no grupo." Todos os países candidatos têm (chance)", completou.
A Venezuela foi convidada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para participar da cúpula. Na semana passada, a Venezuela reafirmou a intenção de integrar o bloco que hoje conta com Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Caracas argumenta que o país pode contribuir com o bloco, especialmente no setor energético, além de fortalecer seu caráter multicêntrico e pluripolar. A Venezuela já afirmou que levará para as dicussões do Brics a necessidade de cobrar respeito à soberania e autodeterminação dos povos, "sem coerções e desigualdades".
"Colocaremos à disposição o nosso conhecimento na luta contra medidas coercitivas unilaterais, bem como os nossos abundantes recursos naturais a serviço do povo. A energia é fundamental para a estabilidade global e o crescimento econômico", afirmou o chanceler Yván Gil
Edição: Rodrigo Durão Coelho