O governo da Venezuela realizou nesta sexta-feira (18) o Fórum Brics: Mundo multipolar em construção. O evento foi realizado quatro dias antes do início da cúpula do Brics que será realizada em Moscou, na Rússia, nos dias 22 e 23 de outubro. A ideia era discutir o surgimento de uma nova organização geopolítica que tenha como objetivo desenvolver a economia de diferentes países pela cooperação.
Participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores venzuelano, Yván Gil, os embaixadores do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, e da Rússia, Sergey Mélik-Bagdasárov. De acordo com a chancelaria venezuelana, foram discutidas a construção de dois modelos: um liderado pelo Brics, que luta pela igualdade, e outro que "perpetua o neocolonialismo, beneficiando unicamente as elites empresariais".
Ainda de acordo com o comunicado, as discussões também giraram em torno da necessidade de cobrar respeito à soberania e autodeterminação dos povos, "sem coerções e desigualdades".
Na semana que antecede a cúpula, a Venezuela reafirmou a intenção de integrar o bloco que hoje conta com Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, manifestou em 29 de maio o pedido para que a Venezuela integre o Brics. Já nesta quinta, Yván Gil disse que o país pode contribuir com o bloco, especialmente no setor energético.
"Colocaremos à disposição o nosso conhecimento na luta contra medidas coercitivas unilaterais, bem como os nossos abundantes recursos naturais a serviço do povo. A energia é fundamental para a estabilidade global e o crescimento econômico", afirmou o chanceler.
Yván Gil, no entanto, deixou claro que, mesmo que tenha uma participação importante no fornecimento de petróleo e gás, essa não é a única ajuda que a Venezuela pode dar ao grupo.
"Todos veem a Venezuela como um país com as maiores reservas de petróleo, mas essa não é a nossa principal contribuição nesta construção de um novo mundo multicêntrico e pluripolar. A nossa principal contribuição é a adesão aos princípios de todos esses mecanismos. Temos pela frente um mundo que clama por maiores esforços das economias emergentes para o desenvolvimento", afirmou.
A Venezuela foi convidada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para participar da cúpula. Durante o Fórum Empresarial do Brics, realizado também nessa sexta, ele destacou a importância econômica que o bloco já atingiu.
"O PIB somado do grupo ultrapassa os 60 bilhões de dólares, enquanto a sua participação na economia mundial ultrapassa a do G7 e continua aumentando", afirmou.
Edição: Nicolau Soares