O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em seu discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU, neste sábado (28), reforçou a posição de Moscou sobre o conflito na Ucrânia e fez um alerta aos países que pretendem lutar militarmente contra uma potência nuclear como a Rússia.
De acordo com o chanceler, Londres e Washington estão preparando a Europa para um conflito contra Moscou, o que Lavrov classificou como uma "aventura suicida".
Ele também apelou aos países que propõem iniciativas pacíficas para resolver o conflito na Ucrânia a terem em conta as causas profundas da crise.
"Instamos os nossos amigos, nos seus esforços futuros, a terem plenamente em conta os fatos que mencionei sobre as verdadeiras causas da situação atual. Sem eliminá-los, uma paz justa baseada na Carta da ONU não pode ser alcançada", disse Lavrov durante o seu discurso.
O ministro das Relações Exteriores acrescentou que a Rússia aprecia o desejo de vários parceiros de promover iniciativas de mediação na Ucrânia com a melhor das intenções.
Ameaça da Otan
Serguei Lavrov também aproveitou a sua fala para reiterar críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que, segundo ele, vem aumentando a ameaça à Rússia ao tentar ganhar posição na região Ásia-Pacífico, na Transcaucásia e na Ásia Central.
"Na verdade, a Aliança do Atlântico Norte tem levado a cabo uma expansão geopolítica e militar na Europa há três décadas, tentando ganhar uma posição na Transcaucásia e na Ásia Central, criando ameaças diretas à segurança do nosso país. Agora, a mesma coisa está acontecendo na região Ásia-Pacífico", disse o chefe do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Ele acrescentou que a aliança está criando blocos político-militares para conter Moscou e Pequim na região Ásia-Pacífico. Além disso, segundo Lavrov, a Otan acusa a Rússia, a China, Belarus, Irã e a Coreia do Norte de "criar ameaças ao seu domínio".
Críticas a Israel
Ao comentar a situação no Oriente Médio, Serguei Lavrov afirmou que os ataques de Israel contra o Líbano são "desumanos" e classificou as ações como "terroristas".
"Um exemplo notável de métodos terroristas como meio de alcançar objetivos políticos é o ataque desumano ao Líbano, transformando tecnologias civis em armas letais", declarou o ministro.
Segundo Lavrov, é necessário investigar o ataque israelense ao Líbano, explodindo pagers e outros dispositivos de comunicação. O chanceler acrescentou que acredita que Washington sabia da preparação dos ataques.
Na última sexta-feira (27), as Forças Armadas de Israel realizaram um grande ataque em Beirute, capital do Líbano, matando Sayyed Hassan Nasrallah, líder do grupo armado libanês Hezbollah. O próprio Hezbollah confirmou a morte de Hassan Nasrallah neste sábado (28).
O bombardeio de Israel a Beirute deixou pelo menos seis pessoas mortas e outras 91 feridas, segundo o governo do Líbano. O ataque foi realizado horas depois do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Edição: Raquel Setz