Assembleia Geral

Em discurso na ONU, Zelensky critica posições de Brasil e China sobre guerra da Ucrânia

Ao falar na Assembleia Geral da ONU, líder ucraniano defendeu a sua 'fórmula de paz' e criticou a Rússia

Brasil de Fato | São Petersburgo (Rússia) | |
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fala durante a Assembleia Geral das Nações Unidas na sede das Nações Unidas em 25 de setembro de 2024 - Michael M. Santiago / Getty Images / AFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (25), criticou as propostas do Brasil e da China para a resolução da guerra russo-ucraniana. 

Zelensky classificou as propostas de paz apresentados por Brasil, China e pelos países africanos como "planos tímidos de resolução". Segundo ele, tais propostas ignoram os interesses e o sofrimento dos ucranianos e dão ao presidente russo, Vladimir Putin, "espaço político para continuar a guerra". 

"Alguns políticos propõem hoje o congelamento da guerra. Para isso, Putin dará ainda mais sofrimento e desastres como 'prêmio', afirmou o presidente da Ucrânia.

"E quando a dupla sino-brasileira tenta se transformar num coro de vozes, com alguém na Europa, na África, falando sobre uma alternativa para um mundo pleno e justo, surge a pergunta: qual é o real interesse? Todos devem entender que não se pode fortalecer o seu próprio poder às custas da Ucrânia", disse Zelensky.

Zelensky reiterou a defesa de sua própria "fórmula de paz", apresentada por Kiev há dois anos, que prevê a restauração da "integridade territorial da Ucrânia", o controle sobre a região da Crimeia, e a retirada das tropas russas do seu território. De acordo com ele, quaisquer tentativas paralelas ou alternativas de encontrar a paz são, na verdade, "esforços para alcançar a calma em vez de acabar com a guerra".

"E talvez alguém queira um Prémio Nobel na sua biografia política por uma trégua congelada em vez de uma paz real, mas as únicas recompensas que Putin lhe dará em troca são mais sofrimento e desastres", acrescentou.

Durante o seu discurso na ONU, Zelensky listou alguns dos principais termos da chamada "fórmula de paz ucraniana". "Temos que trazer para casa todos os nossos soldados e civis capturados que foram deportados à força para a Rússia. Temos de respeitar a Carta das Nações Unidas e garantir o nosso direito - o direito da Ucrânia - à integridade territorial e à soberania, como é feito para qualquer outro Estado. Precisamos de retirar os ocupantes russos, o que levará à cessação das hostilidades na Ucrânia", afirmou Zelensky.

Em meados de maio, Brasil e China apresentaram uma proposta conjunta para promover negociações de paz que contassem com a participação da Ucrânia e da Rússia, visando uma "participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz". Na ocasião, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que tal proposta legitima a invasão russa em seu país.

A Ucrânia também declarou em outras oportunidades que não iniciaria negociações diretas com a Rússia, mas poderia trabalhar para criar uma coligação de mediadores que ajudaria a acabar com a guerra. 
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho