Com a participação de famílias de seis assentamentos da reforma agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciará, no próximo sábado (21), quando é comemorado o Dia da Árvore, o plantio de 2 mil hectares na região do Vale do Rio Doce, atingida pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Mariana (MG).
A ação acontece em áreas de reserva legal e de preservação permanente. Visando a restauração florestal dos assentamentos, localizados nos municípios mineiros de Periquito, Santa Maria do Suaçuí, Jampruca, Campanário, Resplendor e Governador Valadares, será utilizada a técnica de "muvuca de sementes". Segundo Henrique Samsonas, do setor de produção e meio ambiente do movimento, essa forma de plantio tem se mostrado eficiente.
"Tem demonstrado bastante resultado, pois permite a antecipação dos plantios, aumentando a quantidade de áreas plantadas ao longo do ano, com menor custo. Além disso, o plantio em larga escala de muvuca de sementes, na bacia do Rio Doce, permitiu a criação de uma rede de sementes que tem gerado renda para as famílias assentadas, aos povos indígenas e quilombolas", explica.
Programa de recuperação
A ação faz parte do Programa Agroecológico de Recuperação da Bacia do Rio Doce, desenvolvido pelo MST, que já construiu 150 "barraginhas", uma tecnologia para captar água da chuva para abastecer o lençol freático, e 59 biodigestores, equipamentos que garantem o tratamento de esgoto nas áreas rurais.
O programa mineiro faz parte do projeto político do movimento que visa a construção de territórios reflorestados e agroecológicos, e acontece junto a ações nacionais do MST, que irá plantar 100 milhões de árvores até 2030.
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A partir do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, a organização afirma ter compreendido que, para além de denunciar a mineração predatória e degradante para o meio ambiente e para as pessoas, é tarefa das famílias sem terra ajudarem a recuperar e preservar seus territórios.
Princípios
O objetivo é reflorestar, capacitar e prestar assistência técnica aos atingidos pelo crime. Pautado nos princípios agroecológicos, incluindo o cooperativismo, a ausência do uso de veneno, a construção de novas relações entre os seres e as práticas de cuidado com os recursos naturais e bens comuns, o movimento atua na educação, por meio de cursos de formação técnica, na produção de alimentos saudáveis, e no reflorestamento.
Com o acirramento da crise ambiental, que piora a qualidade do ar, e as incessantes queimadas em todo o país, deixando nuvens de fumaça no céu e provocando chuvas de fuligem, o MST acredita que a iniciativa é uma das formas de garantir a vida.
Para Edilene Santos, da direção do movimento no Vale do Rio Doce, o programa fortalece a vida saudável no campo, desde a produção e geração de renda, até a reparação ambiental e a educação em torno da agroecologia.
"Desde 2019, a gente discute esse programa, pensando na assistência às famílias atingidas, e na recuperação de todo o território atingido. Essa é a nossa tarefa. Aprender como manejar a agricultura nos locais atingidos, fazer a reparação ambiental e formar o povo. Isso é reforma agrária popular", afirma.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Ana Carolina Vasconcelos