O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "absolutamente não" desistirá da campanha eleitoral de 2024, disse sua porta-voz nesta quarta-feira (3). A declaração foi feita à medida em que aumenta a pressão para que ele abandone a corrida à Casa Branca após um debate desastroso contra seu adversário republicano, o ex-presidente Donald Trump.
"Absolutamente, absolutamente não", respondeu a jornalistas a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, acrescentando que a mesma mensagem vem "diretamente da campanha também".
A declaração é um balde de água fria para uma corrente crescente dentro do partido pela renúncia de Biden antes da Convenção do partido em agosto, único cenário que permitiria a sua substituição por outro nome com maior viabilidade eleitoral.
Pesquisa Ipsos encomendada pela Reuters e divulgada nesta quarta-feira (3) mostra que apenas a ex-primeira-dama Michelle Obama venceria Trump nas eleições presidenciais de novembro. Em cenário hipotético sem Biden, a ex-primeira-dama aparece com 50% das intenções de voto e é a única capaz de derrotar Trump, que tem 39%.
Apesar de Michele Obama aparecer na frente, vem ganhando força dentro do partido o movimento Draft Gretch (escale Gretch) pela candidatura da governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, uma jovem política de 52 anos que ganhou proeminência durante a pandemia, ao defender o isolamento social.
O pavor no campo democrata aumentou ainda mais após a divulgação de uma pesquisa nesta terça-feira (2) pela CNN: 75% dos eleitores entrevistados acreditam que o partido teria mais chances em novembro com outro candidato.
Trump alcança 49% das intenções de voto a nível nacional, contra 43% de Biden, uma diferença que não mudou desde a última pesquisa semelhante realizada em abril. A vice-presidente Kamala Harris, embora não vença, teria uma posição melhor, com 45%, contra os 47% do ex-presidente republicano.
Outros possíveis candidatos democratas, alguns pouco conhecidos pelo público em geral, enfrentariam Donald Trump com pontuações semelhantes às do atual presidente, apesar de sua falta de popularidade, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg.
Democratas pedem renúncia
A ex-presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos pelo partido Nancy Pelosi disse, nesta terça, que considera "legítimo" questionar a aptidão do presidente para o cargo após seu péssimo desempenho em debate televisionado com o rival republicano, Donald Trump.
"Acho que é uma pergunta legítima de se fazer: 'Isso é um episódio ou uma condição?'", disse Pelosi à rede MSNBC quando questionada sobre Biden, que tropeçou muitas vezes nas palavras e perdeu a linha de raciocínio no debate de quinta-feira – exacerbando os temores sobre sua idade e aptidão mental.
Ainda nesta terça, após a manifestação de Pelosi, Lloyd Doggett se tornou o primeiro parlamentar democrata a pedir publicamente a Joe Biden que se retire da corrida pela Casa Branca.
"Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o primeiro compromisso do presidente Biden sempre foi com o nosso país, e não consigo mesmo, tenho esperança de que ele tome a dolorosa e difícil decisão de se retirar. Eu respeitosamente peço a ele que faça isso", disse em uma declaração.
*Com AFP
Edição: Rodrigo Durão Coelho