Genocídio

Netanyahu dissolve gabinete de guerra de Israel; EUA e ONU cobram cessar-fogo em Gaza

Fonte oficial confirmou a dissolução do grupo e destacou que o gabinete de segurança tomará decisões sobre a guerra

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Mulher palestina reza perto do túmulo de um parente morto na Cidade de Gaza, no primeiro dia do feriado muçulmano de Eid al-Adha, em 16 de junho de 2024 - Omar AL-QATTAA / AFP

Um funcionário do alto escalão do governo de Israel confirmou nesta segunda-feira (17) a dissolução do gabinete de guerra israelense, criado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu após os ataques de 7 de outubro. Segundo a imprensa local, Netanyahu anunciou a dissolução do grupo durante uma reunião do gabinete de segurança no domingo (16).

A fonte do governo, que pediu anonimato, confirmou a dissolução do grupo e destacou que o gabinete de segurança tomará as "decisões sobre as questões relacionadas com a guerra". O gabinete de segurança, que inclui o ministro da Defesa Yoav Gallant, o ministro de Assuntos Estratégicos Ron Dermer e o conselheiro de Segurança Nacional Tzachi Hanegbi, é o principal órgão de decisões sobre os temas vinculados à guerra.

A dissolução do gabinete acontece após a renúncia de Benny Gantz na última semana. Gantz, líder do partido União Nacional (centro), abandonou a coalizão de governo no dia 9 de junho. Além dele, Gadi Eisenkot também deixou o gabinete.

"Quando [Gadi] Eisenkot e [Benny] Gantz entraram no governo, isto aconteceu com a condição de que o gabinete de guerra seria formado", afirmaram fontes próximas à questão.

"Agora que saíram, não é mais necessário. Isto significa que o gabinete de segurança, que é de fato o órgão responsável por tomar as decisões, se reunirá com mais frequências", acrescentaram as fontes.

Segundo a imprensa, a medida pretende acabar com as tentativas dos ministros de extrema direita Ben Gvir e Bezalel Smotrich de entrar para o gabinete de guerra desde o início do conflito.

A ofensiva israelense deixou pelo menos 37.347 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

Bombardeios 

Na Faixa de Gaza, Israel voltou a bombardear o território palestino, mas os combates diminuíram nesta segunda-feira, após o primeiro dia de relativa calma, no qual é celebrada a festa islâmica do Eid al Adha.

O Exército israelense anunciou no domingo, durante o primeiro dia do Eid al Adha, a instauração de uma pausa diurna em suas operações militares, entre 8h e 19h (2h às 13h em Brasília) em uma área do sul de Gaza para facilitar a entrada de ajuda humanitária pelo posto de Kerem Shalom.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu no domingo à noite, em uma mensagem por ocasião do Eid, a aplicação do plano de cessar-fogo que seu governo apresentou no mês passado e reiterou que este "é o melhor meio para acabar com a violência em Gaza" e de ajudar os civis que sofrem "os horrores da guerra entre o Hamas e Israel".

Na Cidade de Gaza, fontes do Hospital Batista Al-Ahli afirmaram que dois bombardeios deixaram cinco mortos e vários feridos. O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Basal, disse à agência AFP que o Exército israelense executou dois bombardeios durante a noite que atingiram um apartamento e uma casa e deixaram "vários mártires, incluindo uma criança e um idoso”.  "O restante da Faixa de Gaza está sob uma calma relativa", acrescentou. 

O Exército anunciou que a "pausa tática local" de suas atividades prosseguirá "todos os dias e até novo aviso" na área que vai da passagem de Kerem Shalom, em Israel, até a estrada de Salahedin, em Gaza, e em direção ao norte do território palestino.

Uma fonte do governo israelense declarou que "não há mudança na política do Exército", em particular em Rafah, onde os militares iniciaram uma operação terrestre no início de maio que provocou a fuga de centenas de milhares de pessoas.

A ONU afirmou que "celebra" a pausa estabelecida pelo Exército israelense, mas disse esperar "novas medidas concretas" para facilitar a entrega de ajuda humanitária. O território palestino está sitiado quase desde o início do conflito e as Nações Unidas alertam que a população enfrenta o risco de um cenário de fome. 

Desde que o Exército israelense iniciou a ofensiva terrestre em Rafah e assumiu o controle da passagem na fronteira com o Egito, Kerem Shalom virou o único ponto de entrada de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito