Os ataques do exército do Israel contra a população palestina em Rafah continuam, apesar do acordo do cessar-fogo imediato aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira (10) ter sido aceito pelo Hamas, conforme declarou Sami Abu Zuhri, alto funcionário do grupo à agência de notícias Reuters.
Os ataques israelenses mataram 40 palestinos e feriram 120 nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, prossegue nesta terça-feira (11) com sua viagem pelo Oriente Médio e, em Israel, o secretário de Estado ressaltou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "reiterou o compromisso" com a proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelo presidente estadunidense, Joe Biden.
O objetivo da viagem de Blinken, a oitava ao Oriente Médio desde o início da guerra em 7 de outubro, é promover o plano de trégua e libertação de reféns elaborado pela Casa Branca e anunciado em 31 de maio por Biden.
O plano contempla, em uma primeira fase, um cessar-fogo "imediato e completo", a troca de reféns por presos palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas habitadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.
O secretário de Estado dos EUA se reuniu nesta terça-feira com Benny Gantz, rival centrista de Netanyahu que renunciou ao gabinete de guerra no domingo, e com o líder da oposição, Yair Lapid.
Divisões no gabinete israelense
Muito pressionado, Netanyahu insiste em seu objetivo de "eliminar o Hamas", considerado uma "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A estratégia militar pode ser reforçada pela operação que no sábado permitiu o resgate de quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat, que, segundo o governo do Hamas, matou 274 palestinos e atingiu uma escola da agência de refugiados palestinos da ONU, UNRWA.
A ONU afirmou nesta terça-feira (11) que está "profundamente chocada" com o custo civil desta operação e "profundamente consternada" com o fato de que os grupos armados palestinos continuam com reféns em cativeiro.
As divisões no gabinete israelense são concretas. O ministro da Defesa se distanciou do governo em uma votação parlamentar sobre um polêmico projeto de lei para aumentar o número de ultraortodoxos que devem cumprir o serviço militar.
No domingo, Gantz renunciou depois de exigir, sem sucesso, um plano de ação para o pós-guerra em Gaza e afirmou que a libertação de reféns deveria ser a prioridade.
O massacre iniciado por Israel em Gaza deixou mais de 37 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas.
Também provocou uma crise humanitária no território, cercado por Israel e onde quase não entram alimentos e água.
"Esta guerra destruiu nossas vidas. Não há comida, não há nada para beber, há cerco e destruição por todos os lados", declarou à AFP Soad Al Qanou, uma mulher que faz o possível para salvar seu filho, desnutrido, no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza.
*Com Al Jazeera e AFP
Edição: Leandro Melito